O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo de Goiás em 2010. Lula considera que com ele será possível vencer o senador Marconi Perillo (PSDB), que tem a intenção de voltar ao governo goiano pela terceira vez. Lula considera que Perillo prejudicou seu governo por duas vezes: em 2005, quando disse que havia advertido o presidente da existência do mensalão e agora, na vice-presidência do Senado, por dirigir as votações de forma a derrotar o Palácio do Planalto.
Meirelles tem duas opções para se filiar. Ou no PP do governador Alcides Rodrigues, ou no PRB do vice-presidente José Alencar. Em qualquer dos casos, a intenção de Lula é formar uma grande aliança no Estado, que iria do PT ao PR de Sandro Mabel, do PCdoB ao PMDB do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, e de sua mulher, a deputada Iris de Araújo, atual presidente do partido. A Alcides, que já foi aliado e por duas vezes vice-governador de Perillo, está reservada uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), de acordo com os planos em gestação no governo federal.
Lula vai a Anápolis e Goiânia amanhã para inaugurar obras. Aproveitará para fazer novas costuras em favor de Meirelles e de sua candidatura ao governo estadual. Se optar pelo PP, Meirelles vai encontrar um partido bem estruturado, que está no governo, tem prefeituras e deputados federais. Indagado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre seu futuro político, o presidente do BC se esquivou. “Sem comentários.”
Caso queira o PRB de Alencar, Meirelles terá de estruturá-lo, embora a sigla já tenha uma base bastante sólida no meio dos evangélicos, pois é controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Os evangélicos da Universal foram importantes para as duas eleições de Lula, pois ele sofria muitas resistências nessa camada de eleitores.
Meirelles é forte politicamente em Goiás. Em 2002, aliado a Perillo, foi eleito deputado pelo PSDB com a maior votação do Estado. Antes de assumir, porém, foi convidado por Lula para ser o presidente do Banco Central. Teve de renunciar ao mandato e se desfiliar. Apesar disso, o presidente do BC não parou de fazer política. Nos fins de semana, Meirelles – cortejado também pelo PR, PTB e PMDB – costuma receber caravanas de prefeitos e parlamentares em uma chácara na rodovia que liga Goiânia a Nerópolis, a cerca de 20 quilômetros da capital federal.