O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), afirmou em entrevista à Rádio Estadão que a revogação da contratação de mais de 11 mil moradias dentro da linha Entidades do programa Minha Casa Minha Vida ocorreu porque era necessário ter maior clareza sobre a efetividade da ação.
A decisão interrompeu o processo de financiamento das unidades habitacionais que seriam feitas por entidades representativas de assentados de reforma agrária e atingidos por barragens, refugiados, quilombolas, pescadores artesanais, ribeirinhos e indígenas. A contratação dessas unidades foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff um dia antes de ela ser afastada do cargo.
“Precisávamos ter mais clareza sobre os motivos da contratação dessas unidades. Qualquer medida tomada no último dia de um governo é questionável”, afirmou. “Esta modalidade do MCMV entrega dinheiro às entidades da sociedade civil e significa em torno de 1% do programa. Nós queremos ajudar as entidades e dar mais transparência às operações.”
A revogação da contratação dessas unidades foi duramente criticada por movimentos sociais. Ontem, a coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) prometeu reagir com protestos “contundentes” em São Paulo, Rio e Brasília.
Apesar da forte oposição, Araújo prometeu dialogar com essas entidades. “O MTST tem meu convite para sentar à mesa e discutir as medidas. Vamos chamar as entidades ao longo desta semana para fazer uma discussão larga e relançar essa modalidade, seguramente em um outro momento.”
Sobre o Minha Casa Minha Vida, o ministro prometeu que vai dar prosseguimento ao programa e prometeu aperfeiçoá-lo. “As obras do Minha Casa Minha Vida seguem. Vamos criar modelos de gestão mais eficaz, pois há reclamações sobre qualidade das unidades. Nós vamos fazer um processo firme de fiscalização.”