A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro vai orientar os professores da rede a suprimir as páginas do caderno pedagógico de matemática que destacam o desempenho eleitoral do prefeito Eduardo Paes (PMDB) no pleito de outubro do ano passado. A decisão foi tomada depois que o jornal O Estado de S. Paulo revelou o conteúdo do material que está sendo distribuído aos alunos do 6º ano.
A cartilha apresenta, nas páginas 22 e 23, diversos problemas de matemática tendo como base gráficos e dados sobre o desempenho de Paes em sua reeleição. São citados os nomes do prefeito e de seus adversários. Uma das perguntas solicitadas aos alunos era justamente qual o nome do prefeito da cidade.
O material ainda publica um texto que praticamente reproduz o lema de campanha do peemedebista, que tinha como principal bandeira a união política entre os governos municipal, estadual e federal. Paes foi reeleito com o apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB) e da presidente Dilma Rousseff.
Mesmo com a decisão de suprimir as páginas, a administração municipal ainda terá que prestar explicações oficialmente sobre a confecção do material e a suspeita do uso de material didático para propaganda pessoal do prefeito.
Além do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio, pelos menos três vereadores anunciaram que vão pedir ao Ministério Público que instaure inquérito para apurar se houve improbidade administrativa na produção e distribuição do material.
O vereador Cesar Maia (DEM), que foi prefeito da cidade em três mandatos, disse que sua assessoria jurídica está preparando uma ação civil pública contra a prefeitura. “É grave. A Constituição do Brasil é muito clara ilegalizando qualquer publicidade de governos que constem os nomes de autoridades”, explicou Maia. “O prefeito será condenado por isso”, afirmou.
Os vereadores do PSOL Eliomar Coelho e Paulo Pinheiro também pretendem cobrar explicações da Prefeitura. “As irregularidades vêm se repetindo há muito temo. Como nada acontece, eles acham que podem fazer qualquer coisa. Esse material é absurdo”, reclamou Coelho.
A vereadora Teresa Bergher (PSDB) disse que também pedirá providências do Juizado da Infância e Adolescência. “Ficaria furiosa se meus filhos estudassem na rede municipal e recebessem esse tipo de material”, disse Teresa.
Banco Imobiliário
Outra polêmica envolvendo material supostamente didático distribuído pela Prefeitura do Rio, o jogo Banco Imobiliário – Cidade Olímpica será alvo de investigação do Ministério Público. Titulares da Promotoria de Tutela Coletiva analisam o material.
No jogo, uma edição do tradicional Banco Imobiliário, os participantes investem recursos em obras e programas criados por Paes em sua gestão, como BRTs (via exclusiva para ônibus), Museu do Amanhã, Bairro Carioca, entre outros. A prefeitura gastou R$ 1,05 milhão para comprar 20 mil unidades que estão sendo distribuídas em escolas da rede.