Apesar de dizer que não conversou com o presidente Michel Temer a respeito das declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta quarta-feira, 14, que “não existe essa cogitação” de uma possível troca no comando da PF.
“Nós entendemos, eu não conversei com o presidente sobre isso, mas entendo que essa é uma questão encerrada. O diretor-geral, em função do respeito que ele tem à Justiça, vai prestar os esclarecimentos solicitados pelo ministro Barroso. Mas eu, sinceramente, tenho uma visão pessoal em relação a isso que é: o decreto não beneficia a Rodrimar, isso aí é que nem você estar investigando um assassinato de alguém que está vivo”, afirmou o ministro, na saída do Palácio da Alvorada, onde esteve com Temer para discutir estratégias para tentar colocar em votação a reforma da Previdência na semana que vem.
Em entrevista à Reuters na última sexta-feira, Segovia comentou que as investigações não encontraram provas de irregularidades envolvendo o presidente Michel Temer no chamado Decreto dos Portos. Na entrevista, ele sinaliza que a corporação vai recomendar o arquivamento do inquérito aberto contra o emedebista no Supremo Tribunal Federal (STF). Segovia irá responder aos questionamentos do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, na próxima segunda-feira, 19.
Marun disse ainda que Segovia “verbalizou o óbvio” e que a crise em torno das declarações do diretor-geral da PF é uma “tempestade em copo d’água”. “O decreto não beneficia a Rodrimar, temos hoje um contingente de polícias trabalhando num decreto onde não existe o delito”, afirmou.
O ministro disse que já viu “muitas vezes” promotores e delegados prestando informações em entrevistas sobre inquéritos em andamento. “Não vejo nenhum ineditismo nas palavras do Segovia, até estranho uma celeuma tão grande a respeito deste assunto”, destacou Marun.
Para o ministro da Secretaria de Governo, “o provável caminho natural” é o arquivamento do decreto. O ministro minimizou o fato de Segovia ter sido indicado por Temer e dar declarações supostamente a favor do presidente. “Ele verbalizou o óbvio e isso quase se transforma num caso político”, afirmou. “Eu veria gravidade se alguém indicado por qualquer um que fosse mentisse. A partir do momento que alguém indicado fala a verdade, eu não vejo sinceramente gravidade.”