A ministra da Cultura, Marta Suplicy, enviou na manhã desta terça-feira, 11, sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff, conforme antecipou a colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Sonia Racy. “Volto para o Senado Federal para representar o Estado de São Paulo, por mais quatro anos, com muito vigor, energia e com o firme propósito de fazê-lo com amplitude, seriedade e grandeza”, afirmou a ex-ministra no documento protocolado na Casa Civil.
A ex-ministra também desejou sorte a Dilma e ‘sugeriu’ que a presidente escolhesse uma equipe econômica mais independente, experiente e comprovada. “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.
Marta também ressaltou os avanços alcançados pelo ministério apesar do baixo orçamento destinado à pasta. “Em meio a inúmeras demandas e carências orçamentárias do Ministério da Cultura, focamos nosso trabalho em valores que nos são preciosos: inclusão da população na produção de cultura e ampliação do acesso aos bens culturais”, afirmou.
Como antecipou o jornal O Estado de S. Paulo, a saída de Marta já tinha sido decidida no primeiro turno das eleições, quando a ministra encampou um movimento pela substituição da candidata Dilma Rousseff pelo ex-presidente Lula, o chamado ‘Volta, Lula’. O movimento não vingou e Dilma se reelegeu, o que a colocou em xeque no cargo.
Substitutos
Para o lugar de Marta, já estão sendo cogitados alguns nomes. O ex-ministro Juca Ferreira, que foi convocado às pressas no final de agosto pela presidente para ocupar cargo de comando na campanha, agora é um dos principais nomes para voltar a ocupar a pasta. Um sinal da recuperação de seu prestígio ocorreu ontem: um de seus antigos auxiliares, o roteirista e diretor Orlando Senna (que foi Secretário do Audiovisual) também recebeu a comenda da Ordem do Mérito Cultural.
Há um porém: Ferreira, que é secretário de Cultura de São Paulo, está empenhado em ajudar a fazer da gestão de Fernando Haddad um modelo de administração moderna (muito das próximas eleições depende disso no PT). Ele pode decidir permanecer, ocupando-se de indicar um nome e articular uma filosofia de trabalho na pasta.
Outro nome que surge com força é o do atual presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos. A presidente gostou da forma habilidosa, diplomática porém firme, como Angelo Oswaldo conduziu a nova legislação de museus do País, sancionada há um ano. Ele também já foi secretário de Estado da Cultura de Minas Gerais no Governo de Itamar Franco (1999-2002) e dirigiu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN.
Contra Oswaldo, pesa o fato de que tem ideias predominantemente liberais, e Dilma se comprometeu, com o grupo que a ajudou a recuperar a confiança entre a classe artística, a retornar a inclinação do MinC para um esfera de participação popular e arcabouço vanguardista, mais ousado.
A deputada federal Jandira Feghali (PC do B), aliada importante do governo nas questões culturais, voltou a ter seu nome lembrado. O retorno do próprio Gilberto Gil é uma das soluções que estão sendo mencionadas, como forma de aproximar opostos.