Foto: Carlos Soares/SECS |
Maria Marta Lunardon já foi procuradora-geral em 1994. continua após a publicidade |
A secretária de Administração, Maria Marta Lunardon, vai acumular a Procuradoria Geral do Estado, no lugar do procurador Sérgio Botto de Lacerda que deixou o cargo anteontem. Maria Marta é procuradora de carreira e responderá pela área, conforme decreto assinado ontem pelo governador Roberto Requião (PMDB).
Por enquanto, o governo não informou se Maria Marta permanece no cargo temporariamente ou se será efetivada. Entre 1991 e 1993, Maria Marta foi diretora-geral da Procuradoria Geral do Estado e, em 1994, exerceu a função de procuradora-geral. A saída de Botto de Lacerda repercutiu na Assembléia Legislativa entre aliados e adversários de Requião. Ex-diretor administrativo da empresa, entre 2005 e 2006, o deputado Péricles de Mello (PT) convidou o presidente da Sanepar, Stênio Jacob, para conversar com os deputados hoje, 14, na liderança do governo. Mello disse que Stênio pode fornecer informações sobre o reequilíbrio financeiro concedido ao contrato da empresa Pavibrás, que tem sido apontado como uma das razões para o desligamento de Botto do governo. ?Eu acho que isso não teve nada a ver com a demissão do procurador. Ele foi uma das pessoas que votou a favor no conselho pelo reequilíbrio. Essa discussão é antiga e já vinha sendo feita há seis anos?, afirmou Mello.
Já os deputados Plauto Miró Guimarães (PFL) e Fernando Carli Filho (PSB) apresentaram um requerimento convidando o ex-procurador-geral do Estado a comparecer à Assembléia Legislativa para esclarecer os motivos de sua demissão. ?É um convite para que ele possa esclarecer o que tornou público. É uma conversa para nos dizer o que sua saída tem a ver com a Sanepar?, disse o deputado pefelista.
Sem comentários
O governador Roberto Requião (PMDB) não quis comentar ontem a saída do procurador. Durante uma solenidade para entrega de viaturas policiais na praça em frente ao Palácio Iguaçu, Requião apenas fez uma brincadeira dizendo que foi abandonado pelo procurador, mas que Botto de Lacerda havia deixado um substituto, referindo-se ao funcionário do cerimonial, Walter Chagas, que o governador acha que se parece fisicamente com o ex-procurador-geral.
O vice-governador Orlando Pessuti disse que o governo perdeu um colaborador e que agora tem de trabalhar para preencher a lacuna deixada por Botto de Lacerda. Segundo Pessuti, Botto deixou o cargo por desavenças com a família Delazari, o Ouvidor- geral do Estado, Luiz Carlos Delazari, e o secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari. ?Foi o que ouvi e imagino que tenha sido por causa disso?, comentou.
Para Pessuti, os contratempos enfrentados pelo governo nesse início de mandato se devem às acomodações de novos colaboradores. ?É um período de formação do governo. Para acomodar alguns companheiros, outros companheiros saem. Isso traz um desgaste pessoal para mim e para o governador, mas não político. O momento conturbado se deve a esse conjunto de modificações, que geram alguns conflitos internos. Não é o caso do procurador Botto de Lacerda, mas de outras situações?, afirmou. Pessuti mencionou o afastamento da diretoria da Ceasa (Centrais de Abastecimento do Paraná), que atribuiu a disputas internas e também citou o caso da substituição de diretores da Emater, onde o novo secretário da Agricultura, Valter Bianchini, está nomeando novos auxiliares. ?São companheiros substituindo companheiros e é o processo próprio da reordenação do governo?, resumiu.
Para Pessuti, esta fase será superada rapidamente assim que as mudanças de posições e nomes de seus respectivos titulares no governo sejam concluídas.
Mudanças também na Sanepar
Foto: Theo Marques/SECS |
Botto: ex-procurador também deixou o conselho da Sanepar. |
A saída do procurador Sérgio Botto de Lacerda do governo não afetou apenas a Procuradoria Geral do Estado. Botto de Lacerda deixou também a presidência do Conselho de Administração da Sanepar e foi seguido por três procuradores do estado, que se afastaram do órgão deliberativo. O procurador Rogério Distéfano, além de deixar a vice-presidência do conselho, também formalizou ontem seu pedido de renúncia ao cargo de diretor jurídico da empresa.
A substituição do ex-diretor será feita em uma reunião extraordinária do conselho, convocada para a próxima terça-feira, dia 20. Ontem, na reunião ordinária do Conselho, que é realizada todas as segundas e terças-feiras do mês, foi apenas registrada a renúncia de Distéfano, informou o conselheiro Pedro Henrique Xavier. Conforme o conselheiro, como não havia ordem do dia, também não houve deliberações, apenas o registro das presenças dos conselheiros.
Já os novos integrantes, incluindo a eleição do presidente do conselho, que sucederá Botto de Lacerda, deve ser feita em assembléia-geral da empresa, conforme estabelece o estatuto da Sanepar. A próxima assembléia-geral será realizada até a data-limite de trinta de abril de cada ano. O dia ainda não está definido, mas tem que seguir o calendário legal.
Mandato-tampão
Os novos conselheiros vão cumprir um mandato-tampão, informou Pedro Henrique Xavier, que já presidiu o conselho de Administração da Sanepar de 2003 até 2005, quando foi sucedido por Botto de Lacerda. O mandato de Botto de Lacerda iria até abril de 2008. O escolhido para substitui-lo ocupará a função durante este período, assim como os futuros ocupantes das vagas deixadas pelos demais conselheiros que se afastaram junto com Botto de Lacerda, que também completarão os mandatos.
No total, o Conselho de Administração da Sanepar era composto por oito procuradores do Estado. Além de Botto de Lacerda e de Distéfano, formalizou também a saída a procuradora Izabel Cristina Marques. Os demais não se manifestaram até o final da tarde de ontem.