Maringoni defende a reestatização da Sabesp –

O candidato do PSOL ao governo de São Paulo, Gilberto Maringoni, disse ser favorável à reestatização da Sabesp ou aumentar a parcela pública na empresa, que hoje tem quase 50% das ações em capital aberto na Bolsa de Valores. Durante entrevista, na série “Entrevistas Estadão”, realizada nesta quarta-feira, o candidato argumentou que é um problema a empresa reverter cerca de um terço dos lucros aos acionistas.

“Em todo investimento, os sócios querem sua parte. Não vou me contrapor ao direito deles (acionistas). Mas a parte estatal da Sabesp tem que crescer. O serviço público é incompatível com o lucro privado”, afirmou. Maringoni criticou o governo do PSDB no Estado, que em 20 anos não realizou os investimentos necessários. E afirmou que, agora, as evidências são de que haverá necessidade de medidas emergenciais para resolver a questão imediata de fornecimento de água.

Maringoni disse ser contra a privatização do Metrô, repetindo que nesse serviço os interesses privados também podem ser contrários ao interesse público. “O caminho de privatização do Metrô é temerário”, disse. E citou o exemplo da estação da Sé, no centro de São Paulo, que é um ponto de grande fluxo hoje, mas que quando foi construída, nos anos 70, seria considerada um desperdício pela iniciativa privada, pois à época trazia pouco retorno.

Sobre o passe livre, defendido pelo programa de governo do PSOL, o candidato ponderou que não é uma medida imediata. Para ele, o transporte precisa receber mais subsídios, progressivamente, para então chegar à condição do passe livre. O candidato do PSOL se disse favorável à reivindicação dos funcionários da Universidade de São Paulo (USP) de elevar a fatia do ICMS destinado às universidades estaduais, de 9,57% para 11,6%. “A USP acaba sendo vítima de uma política estadual que prejudica as universidades paulistas. A USP custa porque pesquisa custa.”

Segundo Maringoni, não é possível tratar as universidades como entidades privadas, com contas “algébricas” de cortar custos e não reajustar o salário de professores. Para ele, essa política leva a “tragédias acadêmicas” de desistências de bons quadros em serem professores e de aposentadorias precoces de docentes. “(Essa política) é como tirar de São Paulo uma espécie de coração da inteligência do Estado.”

Safatle

Questionado sobre a desistência do professor de filosofia da USP, Vladimir Safatle, em concorrer ao governo estadual, Maringoni disse que não há desunião no partido em torno desta questão. Quando desistiu, o professor chegou a classificar a postura da liderança do partido como “esquerda do século 19”. “Houve esse desentendimento mas está tudo superado, o partido está unido”, disse, lembrando que Safatle continua no PSOL.

Ele ressaltou que foi convidado a ser o novo nome do partido para concorrer ao governo paulista, missão que aceitou. “Fiquei entusiasmado para fazer esse debate de gestão, desenvolvimento, de como socializar os ganhos de São Paulo, que é Estado rico do País.” Maringoni é o terceiro convidado da série Entrevistas Estadão, da qual participam os principais candidatos ao governo de São Paulo.

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