A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira, durante entrevista coletiva, que a proposta de independência do Banco Central visa a restabelecer a credibilidade da autoridade monetária do País, proteger os salários e os empregos. Ela disse que a credibilidade hoje do governo é tão pequena que, quando a presidente Dilma Rousseff sobe nas pesquisas, as ações na Bolsa de Valores caem, principalmente as da Petrobras. “É a primeira vez na história desse País que acontece isso”, disse ela, repetindo um velho bordão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A candidata afirmou ainda que a proposta de independência do BC foi feita pelo ex-governador Eduardo Campos como um choque capaz de restabelecer a credibilidade da autoridade monetária. “A inflação voltou a crescer, os juros estão altíssimos, prejudicando investimentos, os investimentos bons, que criam maior geração de emprego e renda. Na instabilidade econômica, quem tem o dinheiro vai aplicar seus recursos para obter ganhos com os juros e não para fazer investimentos”, disse ela.
Marina disse que os responsáveis pelo seu programa de governo discutiram modelos para proteger a sociedade e não permitir que o presidente da República faça com o Banco Central as mesmas interferências políticas que fez na Petrobras, na Eletrobrás e até no IBGE. “Autonomia do BC é proteger o salário da inflação, o cidadão da falta de credibilidade que diminuiu os investimentos e faz com que a indústria seja reduzida a pó”, afirmou Marina. Ela disse ainda que no governo do presidente Lula foi feito um esforço muito grande para a independência, com a nomeação do ex-tucano Henrique Meirelles, um banqueiro, para o Banco Central, dando-lhe status de ministro. “No governo de Dilma, a situação ficou tão degradada que foi necessário que Eduardo Campos propusesse a autonomia do Banco Central de fato, como forma de um ato forte que restabelecesse a credibilidade da autoridade desse País”.
Alckmin
Ela também responsabilizou o PSB pela confecção de material de propaganda política com seu nome ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que busca a reeleição. “Essa decisão não passou por mim. O PSB tem uma coligação no Estado com o PSDB. O material é produzido pelo PSB, que quer fazer minha campanha e a campanha do partido no Estado. Eu não tenho nenhuma responsabilidade a respeito dessa decisão”, disse. “Quando fui para o PSB, eu e o Eduardo Campos combinamos que, onde não houvesse acordo com a Rede, eu não faria a campanha para o candidato da coligação com o PSB. Foi o que houve em São Paulo. Eu disse que não subiria no palanque do governador Alckmin e não estou subindo”, afirmou.
Quanto a um possível acordo com Alckmin no segundo turno, Marina disse que qualquer coisa relativa a essa nova fase da campanha será decidida depois do primeiro turno. “Segundo turno discuto no segundo turno”, afirmou. Marina também não apoia a aliança entre o PSB e o PSDB no Paraná. Indagada se vai mudar o comportamento, disse que não. “Está mantido o nosso compromisso de que, nos lugares em que a Rede não está na aliança, mantemos a independência. O segundo turno, discute-se depois”, reiterou ela.
A ex-ministra, porém, afirmou que, se for eleita presidente da República, não discriminará nenhum governador, não interessa o partido. “Nossa posição em relação aos governos dos Estados é de respeito aos governos eleitos. Não concordo com essa política mesquinha, da velha política, de que você só faz convênios com quem é de seu partido ou sua coligação. Quem tiver projetos para seu Estado terá os convênios. Vamos melhorar a qualidade da política”, disse.