Descontraída durante discurso para artistas e profissionais do setor cultural, a candidata do PSB à presidência, Marina Silva, reclamou nesta quarta-feira dos ataques que tem recebido da presidente Dilma Rousseff e disse se sentir “o Exterminador do Futuro”.
A ex-ministra disse estar passando por um “momento difícil” diante da reação dos adversários à sua candidatura. “Tudo de mal que vai acontecer, a culpa é de Marina. Isso não é uma pessoa, é o Exterminador do Futuro”, afirmou a candidata, arrancando risos e aplausos da plateia.
“Digo que vou governar com os melhores dos partidos e se diz que quero acabar com os partidos. Escalam o Sarney, o Collor, o Renan, e é com eles que se governa”, ironizou Marina.
Marina lembrou as eleições dos ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apontou o que considera pontos positivos dos dois governos, a estabilidade econômica e os avanços sociais.
“Fernando Henrique fez um apelo para dar continuidade ao Plano Real, e os brasileiros atenderam a esse apelo. Lula fez uma carta aos brasileiros e eles atenderam. Agora este País está dizendo que quer eleger com base nas cartas dos brasileiros, foi isso que as manifestações de junho do ano passado disseram”, afirmou a candidata.
Marina anotou uma série de reivindicações de artistas e trabalhadores como o aumento de recursos para a cultura, o ensino de música nas escolas públicas e planos de cargos e salários para servidores do setor.
A candidata voltou a recorrer a uma metáfora para comentar as dificuldades de sua campanha diante do tempo de TV e das contribuições recebidas pelo PT e PSDB. “Eu já disse que é Davi contra Golias. Agora digo que é mangangá (uma espécie de besouro), contra carapanã (mosquito)”, brincou.
A ex-senadora contou, bem humorada, a experiência que teve como aluna de teatro. “Em uma peça me botaram para fazer um cacto”, contou Marina, repetindo a pose que tinha de fazer durante o espetáculo.
Antes do discurso da candidata, o cantor Gilberto Gil mostrou ao público a música que compôs para a candidatura de Marina. A candidata disse ter ficado emocionada com a homenagem. “Já votei em Fernando Henrique, em Lula, em Marina na última eleição. Gosto de Marina por muitas razões, não pela questão só cultural, mas universal. Gosto de tudo nela”, afirmou Gil, que disse atuar apenas com “aconselhamento”, mas sem intenção de ocupar qualquer cargo no caso de vitória de Marina.
Na plateia, reunida na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, estavam, entre outros, o diretor Guel Arraes, tio do ex-governador Eduardo Campos, candidato do PSB que morreu em um acidente aéreo em 13 de agosto, o cantor e compositor Jorge Mautner, a diretora Bia Lessa, o músico Charles Gavin e o ator Marcos Palmeira, que desempenhou a função de apresentador do encontro.
No discurso, Marina lembrou a luta que travava dentro do governo, como ministra do Meio Ambiente, para evitar o contingenciamento de recursos, que também afetava o Ministério da Cultura. “Eles viam como custeio e não como investimento, e passavam a tesoura sem piedade”, lembrou.