A senadora Marina Silva (PV-AC) admitiu hoje, em entrevista à Rádio Jovem Pan AM e FM, que os institutos de pesquisa podem ter prejudicado a possível ida dela ao segundo turno. Em mais de uma hora de programa, Marina afirmou que as urnas “teriam, talvez, revelado muito mais se as pesquisas alcançassem o que estava nas ruas”. “Muita gente se referenciava nas pesquisas”, lamentou.

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Ela revelou que tem recebido mensagens de arrependimento de eleitores que se pautaram em levantamentos e fizeram o “voto útil”. “Uma eleição não pode se basear nas pesquisas”, criticou. Para Marina, a segunda etapa é uma nova chance não só para os candidatos a presidente Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), mas também para os institutos que não conseguiram captar a força da “onda verde”.

Ao agradecer os 20 milhões de votos, a senadora do PV do Acre avaliou que o resultado da primeira disputa mostrou que os eleitores querem compromissos do próximo presidente, a começar pela questão ambiental, e que estão cansados da repetição da “mesma política”. Na opinião de Marina, o eleitorado do partido apresentou-se diversificado. “Foram pessoas que se mobilizaram por uma nova visão de política”, definiu.

A senadora do PV reforçou que a definição sobre os rumos da sigla na segunda fase da eleição presidencial começará com uma discussão entre os grupos sociais que apoiaram a candidatura dela, passará por uma plenária (provavelmente na sexta-feira) na agremiação e terminará com a formulação das propostas que serão encaminhadas a Dilma e Serra. Marina admitiu também que pode haver divergências no PV sobre o apoio neste novo estágio do pleito, mas que se submeterá ao processo de debate.

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“Não tem como imaginar que se tenha um processo único, temos posições diversificadas. Não posso dizer que vai ser uma posição única”, disse. Marina pediu que o partido “não se apequene no discurso da conveniência”. A senadora voltou a repetir o discurso de campanha de que tanto PT quanto PSDB não foram capazes de compreender os “desafios da sustentabilidade” e que os candidatos dos dois partidos a presidente são gerentes e não “estrategistas”.

Aproximação

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Marina evitou comentar a tentativa de aproximação de Dilma e Serra do eleitor protestante na questão do aborto e da legalização da maconha e argumentou que seria “presunçoso” julgá-los. “Os fiéis sabem o que é um discurso de crença e o que é um discurso de conveniência”, declarou. A senadora disse ter orgulho da campanha que fez, de não ter feito “baixaria nem guerra suja na internet”.

Sobre o futuro da legenda, Marina afirmou que os verdes não têm a pretensão de ser uma agremiação de massas, mas que buscará um crescimento qualitativo. A senadora verde dispõe-se agora a andar pelo País à frente do Movimento Brasil Sustentável, lutando pela bandeira da sustentabilidade e da economia do século 21. Quanto à derrota nas urnas de figuras como os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Marco Maciel (DEM-PE), Marina lastimou que a aprendizagem desses partidos – de fazer a “oposição pela oposição” – não foi boa. “A sociedade deu uma lição de que quer uma oposição madura”, afirmou.