A candidata da Rede ao Planalto, Marina Silva, atacou a proposta de mudança nos registros dos pesticidas no Brasil, que pretende dar mais poder ao Ministério da Agricultura nas decisões sobre estes produtos. “A questão do agrotóxico não deveria ser aprovada”, disse, durante sabatina promovida pelo Estadão-Faap, nesta terça-feira, 28. A candidata reforçou que, ao facilitar a liberação de substâncias nas lavouras, algumas proibidas em países que compram alimentos do Brasil, isso poderia criar barreiras para as exportações.
O projeto específico trata da Lei dos Agrotóxicos. O texto troca a palavra “agrotóxico” por “pesticida”, além de concentrar poderes no Ministério da Agricultura para a aprovação de novos produtos e prever a adoção de uma tabela de grau de risco para novas substâncias no Brasil, permitindo que produtos, hoje vetados pela lei atual, passem a ser analisados conforme um grau de tolerância. O tema despertou críticas de diversas agências públicas, como os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – órgão que toma frente na liberação de novas substâncias.
“Não é inteligente usar agrotóxicos que não são usados em outros países. Concordo com a Anvisa. Não defendo que se deva passar essas consequências ao Ministério da Agricultura. Temos de utilizar os meios que já estão disponíveis, de menos impacto. Hoje, cada vez mais a tecnologia ajuda a usar menos insumos e agrotóxicos”, defendeu a ex-senadora.
Aborto
A candidata foi bastante pressionada durante sabatina sobre sua posição acerca do aborto. Marina reforçou ser contra a liberação, mas ponderou que o tema precisa ser debatido e defendeu plebiscito com a sociedade. Na ocasião, participantes da plateia questionaram Marina se sua religião (evangélica) não atrapalharia sua decisão sobre temas polêmicos como este. “Sou contra (o aborto) agora que sou evangélica. Mas quando era católica e de partido de esquerda, ninguém me chamava de conservadora”, disparou.
Marina aproveitou e defendeu que sua posição religiosa não vai interferir no seu governo. “Costumo brincar: ‘O Estado é laico. Graças à Deus'”, disse, tirando risos da plateia.
Sobre a proposta do plebiscito, Marina foi questionada se ele não retiraria do Congresso nacional a função de legislar. Em resposta, a candidata afirmou que em temas polêmicos a população deve, sim, ser acionada. “Nas democracias mais maduras e evoluídas, temas dessa complexidade são decididos por plebiscitos. Se for para ampliar para além do que já existe, que 513 deputados não substituam 200 milhões de brasileiros”, disse.
Marina é a terceira candidata a participar da sabatina do Estado de S.Paulo nas eleições presidenciais 2018, feita em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). A série de encontros Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenciáveis ocorre na sede da fundação, em São Paulo, entre os dias 27 de agosto e 6 de setembro, e foi iniciada com um encontro com Alvaro Dias, do Podemos, e contou também com João Amoêdo (Novo).
Além deles, estão confirmadas as presenças de Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). O candidato Jair Bolsonaro (PSL) declinou do convite e a participação de Fernando Haddad, vice na chapa do ex-presidente Lula, foi suspensa até que a situação do registro do PT na Justiça esteja resolvido.