Minutos depois do anúncio do resultado das eleições, a senadora Marina Silva (AC) reiterou os planos de trabalhar por uma terceira via política no país, alternativa às lideranças do PT e do PSDB, que governam o Brasil desde 1995. “É um trabalho árduo, a terceira via é um embrião ainda, mais é maior do que as análises mais apressadas são capazes de mostrar”, observou a senadora.
Marina Silva parabenizou Dilma Rousseff pelo resultado e desejou mais do que “boa sorte”: “Desejo a ela a simplicidade das pombas e a sagacidade das serpentes”, disse, numa rápida entrevista hoje à noite, em Brasília. A senadora disse que telefonaria depois à primeira presidente eleita para cumprimentá-la e reiterou mais uma vez a posição de independência, adotada pelo PV no segundo turno das eleições.
“Aqueles que perderam têm de desejar boa sorte e contribuir para corrigir os erros e evitar que eles aconteçam, de forma independente”, acenou a senadora. Questionada sobre o apoio de deputados do PV ao novo governo no Congresso e até uma eventual participação em cargos, Marina desconversou e disse que o tema não foi discutido pelo partido. “O referencial para apoio no Congresso ou outra coisa será sempre programático”, disse.
De Dilma, Marina espera, eleita por uma parte do eleitorado, governe para “todos”. Marina aproveitou a ocasião para lembrar os quase 20 milhões de votos que obteve no primeiro turno das eleições e que ajudaram a levar a disputa para o segundo turno. Segundo a senadora, os eleitores mandaram “um recado, que precisa ser lido com cautela por todos nós”.
O recado consistiria em mostrar um certo cansaço com a falta de propostas durante o debate eleitoral. Marina manteve reserva sobre seu voto no segundo turno. “Vou continuar usufruindo do benefício do voto secreto”, disse. E insistiu em que a posição de independência adotada pelo PV e que liberou integrantes do partido a apoiar Serra ou Dilma foi a melhor, na sua opinião.
Mandato
A dois meses de terminar seu mandato no Senado, Marina disse que pretende ainda atuar no Congresso para evitar mudanças no Código Florestal, lei que estabelece o porcentual de áreas de proteção ambiental nas propriedades rurais do país. A senadora também pretende apresentar novas propostas antes do fim do mandato.
Depois de fevereiro, São Paulo passará a ser uma base importante na nova agenda de Marina. Vai se dividir entre o PV e o comando do Instituto Democracia e Sociedade, para tentar viabilizar uma terceira via política no país em um novo teste das urnas. Sobre a possibilidade de uma nova candidatura ao Planalto, em 2014, Marina esquivou-se: “Sempre digo que não fico planejando qual é a próxima eleição de que vou participar”, falou.