A candidata à Presidência da República pelo PV, Marina da Silva, arrancou aplausos de 150 empresários cariocas hoje, ao defender o controle da inflação não apenas pelo aumento dos juros, mas também pela redução do gastos públicos. Esta redução, segundo explicou, pode ser conseguida cortando-se os gastos da ineficiência, buscando formas transparentes de combater a corrupção e promovendo uma reforma política para por fim ao fisiologismo.
No almoço com os empresários reunidos pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Fierj) e pela Associação Comercial, Marina advertiu que o País está “à beira de um apagão de recursos humanos. Sem investimento em ciência, tecnologia, em inovação, em uma forte base de conhecimento, nós sequer faremos jus às oportunidades que se avizinham para o Brasil”.
A senadora pelo Estado do Acre explicou que um estado eficiente “cria mecanismo de controle social e de transparência para combater a corrupção”. A corrupção, segundo ela, consome 3% do PIB. Seu fim aumentaria o “investimento em educação para 8% porque hoje estamos investindo 5% do PIB”, disse.
Na educação, admitiu avanço nos últimos 16 anos ao se universalizar o ensino. Destacou, porém, a baixa qualidade, pois nem todos que entram no ensino fundamental chegam à 8ª série. “O próximo passo é o da reforma de ensino, da qualificação dos professores, da remuneração adequada dos professores, de uma grade curricular atualizada, de um olhar para a educação que integre a educação infantil, fundamental, segundo grau e universidade; da criação de centros de excelência para produzirmos o conhecimento, a tecnologia e a inovação para os desafios deste apagão de recursos humanos”, acrescentou.
Estatais
Ela disse não ter como avaliar no mérito a nova estatal que o governo quer criar, mas enfatizou achar que, a princípio “a proliferação de mais e mais empresas, talvez não seja a saída para os problemas brasileiros”. Em seguida ressalvou: “existe alguns serviços, eu insisto, que precisam ser atendidos por parte da sociedade. Por exemplo, o desafio da banda larga no Brasil é um desafio imenso. É possível suprir esta necessidade importante para a economia do País, para a educação, para a comunicação apenas pela iniciativa privada?”
Por fim, criticou a criação de estatais sem um debate mais amplo e em época de campanha eleitoral: “o que não pode é em períodos eleitorais, simplesmente um cria um ministério daqui, outro cria um ministério acolá. Vira um concurso de quem propõe mais coisas, e todos falando que o estado tem que ser eficiente, numa contradição muito grande. O que for criado tem que ser pela necessidade do Estado no provimento de serviços, não simplesmente porque queremos que aquele investimento seja feito pelo Estado.”