A senadora Marina Silva (AC), pré-candidata do PV à Presidência, disse hoje que a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estabelecer, na eleição de 2010, uma disputa plebiscitária entre seu governo e o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um “desrespeito à democracia”.
Marina afirmou que acredita que o tema do desenvolvimento sustentável, sua principal bandeira como presidenciável, evitará uma polarização entre PT e PSDB. “Até porque em uma eleição em dois turnos é um erro e um desrespeito à democracia querer fazer uma polarização em relação a quem fez melhor no passado. Nós temos é que apostar em quem pode fazer mais e melhor no presente para viabilizarmos o futuro que queremos”, disse a senadora, após uma palestra para empresários da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, em Belo Horizonte.
Para Marina, se a disputa fosse plebiscitária, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador de São Paulo, José Serra, virtuais candidatos do PT e do PSDB, ainda estariam discutindo o “desenvolvimento pelo desenvolvimento”.
“Vejo que eles começaram a discutir o desenvolvimento sustentável, a defesa do meio ambiente e até foram para Copenhague. Então existe um terceiro elemento que deve ser considerado, que a opinião pública nacional está considerando, e que com certeza não permitirá que essa eleição seja plebiscitária”, disse.
A pré-candidata do PV reiterou que pretende fazer uma campanha com “proposição” e de respeito ao governo Lula, do qual fez parte. “A gente tem de superar a visão tradicional de oposição pela oposição. A minha visão em relação ao Brasil é que nós tivemos conquistas nos últimos 16 anos de ambos os governos (FHC e Lula). As conquistas devem ser preservadas, mas a história não para”.
Ao falar da COP-15, a conferência mundial sobre o clima, apesar de reconhecer que houve avanço no estabelecimento de metas, ela criticou a atuação do governo brasileiro, considerada modesta. “A convenção teve um resultado pífio, muito aquém das necessidades do planeta e o Brasil poderia ter tido um desempenho melhor”, afirmou.
Segundo Marina, o presidente Lula chegou a Copenhague e tentou “reposicionar as coisas”, concordando com a proposta apresentada por ela e rechaçada por Dilma, de que o Brasil deveria “participar do esforço de recursos para os países vulneráveis”. “Mas quando a gente não faz o dever de casa antes, em cima da hora talvez não dê mais para recuperar o tempo perdido”.
Marina lamentou a decisão do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), de desistir de sua pré-candidatura presidencial. De acordo com ela, a saída do governador se “constituiu num prejuízo para a fase inicial do debate”.
“Obviamente que esse debate interno no PSDB para definir a candidatura teria sido algo muito positivo, dinamizando cada vez mais o debate político em torno de propostas”.
Questionada se teria sido procurada com a proposta de se alinhar à candidatura presidencial do PSDB, Marina ironizou: “Até agora nenhum tucano disse que vai me apoiar, mas estou aberta para o segundo turno”, disse. Na capital mineira, a senadora também se reuniu com lideranças do PV em Minas.
