Em visita ao Acre, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, condenou hoje a tentativa de minimização do episódio sobre o vazamento de dados na Receita Federal envolvendo 140 contribuintes, incluindo nomes ligados aos tucanos. Ao comentar o pronunciamento do ministro Guido Mantega sobre o assunto, Marina se mostrou insatisfeita com as declarações. “Não podemos ser coniventes com uma declaração que diz que é assim mesmo, que vazamentos sempre aconteceram. Ficamos esse tempo todo esperando o ministro vir a público para ele dizer que é assim mesmo. Eu não sabia que era assim mesmo”, reclamou.
Marina lembrou o episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa (que levou à queda do então ministro da Fazenda Antonio Palocci) e cobrou uma investigação séria, à exemplo do que ocorreu na época. “Não estou minimizando as vítimas nem fazendo acusações à priori a ninguém. Eu quero é investigação e punição”, cobrou.
A candidata voltou a criticar do descontrole na Receita e disse que o episódio “traumatizou” a sociedade. “Esse episódio não pode ser minimizado nem visto só como um problema de campanha. É um problema que feriu instituições e regras democráticas de maneira criminosa.”
Visita
O primeiro dia de campanha como presidenciável em sua terra natal foi marcado pelo reencontro com a família, companheiros de longa data e pessoas que fizeram parte de sua trajetória. Marina começou o dia com uma oração na Igreja Assembleia de Deus Rio Branco. “Ela continua a mesma Marina. Ela sempre ora para que Deus dirija os passos dela”, comentou o pastor Luiz Gonzaga, que conhece a candidata há pelo menos 20 anos.
O primeiro compromisso oficial foi um café da manhã com a família que, pela primeira vez, reuniu publicamente Seu Pedro Augusto, de 83 anos, pai de Marina, suas sete irmãs, o único irmão, sobrinhos, tias, primos e o marido Fábio Vaz de Lima. “A gente que vem do seringal fica muito orgulhoso dela, né”, disse o pai. À família, Marina disse estar feliz por voltar a sua casa, o Acre. “Aqui é o momento de receber esse apoio, esse reforço na reta final”, afirmou. O marido, que é assessor do governador do Acre, o petista Binho Marques, lamentou não poder acompanhá-la na campanha todos os momentos. “Tenho muitas atribuições e não posso me ausentar”, justificou.
Pela manhã, Marina inaugurou três comitês domiciliares, um deles na casa dos patrões que lhe ofereceram o primeiro trabalho em Rio Branco como empregada doméstica. “Se passaram todos esses anos e o respeito continua. Eles são pessoas que me acolheram no momento em que eu precisava”, lembrou.
Embora em partidos diferentes, Marina pediu votos para os petistas Tião e Jorge Viana, candidatos ao governo e ao Senado, respectivamente. Ela minimizou o fato de aparecer em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto no Estado e dos petistas não fazerem campanha para ela. “Tudo que eu sou devo ao Acre, então não tenho cobranças com relação ao Acre, tenho compromissos. Não faço exigências aos acreanos”, afirmou.