O empreiteiro Marcelo Odebrecht e os principais executivos da empresa decidiram firmar acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República nos processos relativos à Operação Lava Jato.
Marcelo está preso em Curitiba e foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a cumprir 19 anos e quatro meses de prisão. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e associação criminosa.
O acordo depende do aval e da eventual homologação no Supremo Tribunal Federal. Além da condenação do empresário, o que levou a empresa a procurar a delação foi a deflagração da operação Xepa, nesta terça-feira, 22. A Xepa, 26ª etapa da Lava Jato, tem base essencialmente na colaboração da ex-secretária do Grupo Odebrecht, Maria Lúcia Guimarães Tavares.
A secretária já havia sido presa em fevereiro na operação Acarajé e revelou os caminhos da propina paga pela empreiteira. Na residência dela, a Polícia Federal apreendeu um programa de computador com os arquivos dos pagamentos ilícitos.
Nesta terça, o Grupo Odebrecht divulgou nota em que justifica a decisão dos seus principais executivos. Veja a íntegra do documento:
COMPROMISSO COM O BRASIL
As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor. Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes.
Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública. Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência. Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.
,em>No final da tarde desta quarta-feira (30), o Ministério Público Federal divulgou uma nota negando que esteja acertado um acordo de delação premiada dos executivos da Odebrecht. Veja o que diz o comunicado: