O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), está levando a sério a decisão de não passar sequer perto do plenário da Casa. Nesta terça-feira, 24, o pepista não participou da primeira sessão conjunta do Congresso Nacional do governo Michel Temer. Durante as ausências do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), Maranhão foi substituído pelo primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP). Pelas regras, o presidente do Senado é o presidente também do Congresso, ao passo que o presidente da Câmara é seu substituto.
Segundo Mansur, o pepista – que é vice-presidente do Congresso – está “focado em outras coisas” e Renan pediu para que ele o substituísse durante parte da sessão. “Ele (Renan) pediu para eu tocar”, disse Mansur.
De manhã, Maranhão evitou o contato com os jornalistas e participou de um evento que havia retirado de sua agenda de trabalho. A assessoria da presidência da Câmara havia anunciado que Maranhão desistira de participar da cerimônia de entrega do prêmio Dr. Pinotti, no Salão Nobre da Casa. Em seu lugar, enviaria o segundo-secretário da Mesa, Felipe Bornier (PROS-RJ). Duas horas após o evento, a assessoria comunicou que Maranhão decidiu participar da entrega do prêmio porque Bornier insistiu para que ele fosse. O pepista deixou seu gabinete sem alarde, escolheu um trajeto que desviasse dos jornalistas e fez um discurso de aproximadamente cinco minutos.
Cercado por seguranças, Maranhão voltou ao seu gabinete e não saiu mais de lá. Diferentemente de seu antecessor, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele vem exercendo uma presidência dentro do gabinete e sem entrevistas diárias. O deputado preside no máximo as reuniões de colégio de líderes, mas não tem poder sobre a pauta e a condução do plenário. Desfruta de carro oficial, seguranças, transporte aéreo da Força Aérea Brasileira e tem suas despesas pagas pela instituição.
O modelo de gestão em que “reina mas não governa” foi negociado com os partidos do Centrão, que o mantêm na cadeira, mesmo com a pressão de outros partidos. No acordo, ele não preside as sessões plenárias para não “atrapalhar” a agenda do novo governo. As vezes de presidente das sessões têm ficado a cargo do segundo-vice, Fernando Giacobo (PR-PR).
Em polo oposto esteve André Moura (PSC-CE), líder do governo na Câmara, em atuação como principal articulador político do governo interino durante a sessão de votação dos vetos presidenciais e da alteração da meta fiscal. Embora não tenha orientado voto oficialmente no microfone, o deputado sergipano passava no plenário as orientações de ministros do governo Temer recebidas na maioria das vezes por telefone. “Ninguém me pediu para ser líder, mas estou aqui trabalhando”, afirmou.
Na votação da meta fiscal, Moura contou com ajuda do senador Romero Jucá (PMDB-RR), até esta segunda, 23, ministro do Planejamento. O peemedebista passou praticamente toda a parte de votação dos vetos fora do plenário, mas retornou quando a análise da revisão da meta estava perto de começar.