A primeira mulher a ocupar o cargo de secretária da Receita Federal deixará o posto na próxima semana por decisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Lina Maria Vieira foi exonerada do cargo. Sua gestão foi marcada por quedas consecutivas na arrecadação de tributos e por uma controversa mudança na estrutura da secretaria, o que garantiu a ascensão de sindicalistas aos postos de comando da Receita.
Lina Vieira ficou pouco mais de 11 meses no poder. Neste período, trocou paulatinamente os ocupantes dos principais cargos da secretaria. As superintendências regionais foram entregues a líderes sindicais espalhados pelos estados.
A saída de Lina foi antecipada na edição de hoje do jornal O Globo, e confirmada ao jornal O Estado de S. Paulo por uma fonte da Fazenda. Ainda não está definido quem será indicado para ocupar o posto – o secretário executivo do Ministério, Nelson Machado, deve comandar o órgão interinamente.
Apesar de a cúpula da Fazenda ter ficado irritada com a investigação da Receita sobre a Petrobras, no início do ano, por causa de um crédito tributário de R$ 4 bilhões da estatal, o real motivo da saída de Lina é a queda na arrecadação de impostos e a desestruturação administrativa da Receita.
Somente em maio, pelo sétimo mês seguido, a Receita amargou uma queda de 14% na arrecadação de tributos, já descontada a inflação. Nos primeiros cinco meses do ano, o tombo foi de 6,9% em relação ao mesmo período do ano passado, o pior desempenho desde 2003. A situação dos cofres é tão ruim que a arrecadação deste ano deve ficar abaixo do registrado em 2008, fato que só ocorreu duas vezes na história, em 1996 e em 2003.