Manobras impedem votação de Brant

Uma série de manobras, tentativas de acordo entre legendas e discursos demorados impediu que o Conselho de Ética da Câmara votasse ontem o parecer que recomenda a cassação do deputado Roberto Brant (PFL-MG), depois de quatro horas de discussão. A sessão foi encerrada por causa do início da ordem do dia (discussão e votação de projetos) no plenário da Câmara e será retomada hoje. O regimento impede a realização de sessão do conselho depois de iniciada a ordem do dia.

Brasília – Quando a sessão terminou, às 18h, estava claro que a votação seria muito apertada e o placar seria de 7 a 7 ou de 7 a 6, se o PSDB mantivesse apenas um de seus dois conselheiros na sessão. Na primeira hipótese, o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), que só vota em caso de empate, aprovaria o relatório. Na segunda, independentemente de o resultado ser pela cassação ou pela absolvição, não seria cumprida a exigência de maioria absoluta (oito votos) e o processo seria analisado pelo plenário da Câmara sem parecer.

Ontem, apesar de o próprio Roberto Brant ter autorizado o prosseguimento da discussão e votação no conselho, Ricardo Izar preferiu o encerramento, dizendo ter seguido orientação da Mesa Diretora e do presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). "Qualquer um poderia pedir a nulidade da decisão do conselho, porque a ordem do dia já tinha começado", justificou Izar.

O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), que assistiu a boa parte da sessão, negou que seu partido pretendesse retirar um conselheiro da votação. Nenhum dos dois titulares do PSDB no conselho estava presente. Carlos Sampaio (SP) está viajando e Mendes Thame (SP), segundo o líder, tinha exames médicos em São Paulo. Goldman disse que o suplente Gustavo Fruet (PR) deixou a sessão do conselho porque tinha começado a ordem do dia. O outro suplente tucano, Bosco Costa (SE), ficou no conselho. "Não somos um grupo de siameses. Eu saí com o deputado Fruet e o deputado Bosco preferiu ficar", disse o líder tucano.

Por fazer parte da CPI dos Correios, que apontou uma série de deputados beneficiados com dinheiro de caixa 2, inclusive Roberto Brant, Gustavo Fruet preferia não votar os pareceres do conselho. Uma das possibilidades é que ele renuncie hoje à vaga no conselho e o PSDB escolha outro suplente.

A sessão começou tensa, às 11h15, por causa da ausência do deputado Pedro Canedo (PP-GO), que é a favor da cassação. O relator Nelson Trad (PMDB-MS), indignado, denunciou que Canedo estava sendo "pressionado pela direção do partido de forma quase invencível" a não comparecer e pediu a suspensão ou adiamento da sessão até que Canedo comparecesse. "Uma pressão como essa seria a degradação, um ato de certa forma canalha", protestou Trad. "Não se pode emporcalhar o Legislativo como um valhacouto de porcalhões dessa maneira, isso tem que ser denunciado de viva voz", atacou o relator. A sessão foi suspensa por causa da ordem do dia e retomada às 15h. Por volta das 13h, Canedo apareceu.

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