Vereadores e lideranças de Mariluz divulgaram manifesto ontem pedindo à Justiça que apresse as diligências judiciais que apuram as denúncias de envolvimento do ex-prefeito do município, o padre Adelino Gonçalves, no assassinato do vice-prefeito Ayres Domingues e do presidente do PPS local, Carlos Alberto de Carvalho. “O povo de Mariluz e de toda a região clama por justiça e acredita ardorosamente que ela vai prevalecer, com a condenação e a prisão do mandante do crime em que nossos companheiros, tão queridos na cidade, foram covardemente trucidados”, diz o texto do manifesto, encabeçado pelo presidente do PPS de Mariluz, vereador Joel Magalhães dos Santos.
Os dois foram vítimas de atentado político na noite de 28 de fevereiro de 2001, quando conversavam na sede do diretório municipal do PPS e acabaram baleados pelo pistoleiro de aluguel José Lucas Gomes. Ayres Domingues morreu na hora e Carlos Alberto chegou a ser internado em hospital de cidade próxima, mas não resistiu aos ferimentos causados por oito tiros e morreu em 2 de março.
Lucas Gomes, ex-sargento da Polícia Militar expulso da corporação por crimes cometidos anteriormente, foi preso e confessou o duplo assassinato. Mas morreu de enfarte no mês passado, na cadeia. Élcio Faria – secretário de Ação Social na gestão do padre Adelino – confessou sua participação no crime, foi condenado a dez anos de prisão e cumpre pena em Cruzeiro do Oeste, comarca em que o inquérito tramitou. Ele comprou o carro usado pelo criminoso, juntamente com um terceiro envolvido, Alessandro do Nascimento, que está preso em Goioerê esperando julgamento. Alessandro era amigo íntimo do padre.
Adelino Gonçalves ficou alguns meses preso em Curitiba. Conseguiu sair da cadeia, mas não se atreveu a voltar a Mariluz, onde corria o risco de ser linchado pela população revoltada. Teve seu mandato de prefeito cassado pela Câmara de Vereadores, sumiu por alguns meses e reapareceu recentemente em Campo Mourão.
O manifesto
“Os fatos apurados até aqui, seja nos depoimentos feitos perante a Justiça, seja nas provas materiais, indicam claramente as responsabilidades por esse duplo assassinato”, dizem os signatários do manifesto. “O autor dos disparos já estava preso. Dos dois contratantes, um já foi julgado e cumpre pena, outro aguarda julgamento, detido. Resta agora julgar o maior responsável, o mandante do crime”, acrescenta o documento, também assinado pelo presidente da Câmara Municipal, José Alexandre Ferreira, pelos vereadores Benedito Oscar dos Santos e Osmar Brilhante e pelo ex-prefeito de Mariluz Luiz Albino Borghetti.
Os vereadores assinalam que esse não é o único indiciamento contra o padre Adelino. Ele também é acusado de atentado violento ao pudor. Segundo a família da vítima, um garoto de 13 anos, isso aconteceu no começo de 2000 em Mariluz.
Rubens pede providências a procuradora
O presidente regional do PPS paranaense, Rubens Bueno, esteve ontem à tarde com a procuradora-geral de Justiça, Maria Tereza Uille, com quem conversou sobre as investigações e diligências judiciais em torno do crime de Mariluz, ocorrido há exatos dois anos e em que dois dirigentes do partido foram assassinados.
Maria Tereza conversou com representantes do Ministério Público em Cruzeiro do Oeste – onde o caso tramita judicialmente – para se informar da situação. Alessandro do Nascimento, amigo do ex-prefeito Adelino Gonçalves e acusado de ser um dos contratantes do criminoso que matou os pepessitas, deverá ser julgado em abril.
Já o julgamento de Adelino Gonçalves, suspeito de ser o mandante do crime, ainda não tem previsão. O processo está em fase de instrução com a tomada de depoimento das testemunhas de defesa.
Gonçalves já esteve preso em Curitiba, acusado de mandar matar o vice-prefeito de Mariluz, Ayres Domingues, e o presidente do PPS local, Carlos Alberto de Carvalho. Seu julgamento acabou sendo anulado pelo Superior Tribunal de Justiça e foi reiniciado na comarca de Cruzeiro do Oeste.