Desde o último pleito que disputaram, cinco dos nove candidatos à prefeitura de Curitiba nas eleições municipais de 2016 declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter tido aumento de patrimônio. Juntos, todos os candidatos, que em 2016 somam R$ 12,9 milhões em bens, tiveram um avanço de 186% no valor informado desde suas últimas declarações eleitorais, algumas feitas há dois anos e outras há quatro. Um candidato informou ter menos patrimônio e outra permaneceu com o mesmo.
A deputada estadual Maria Victoria (PP) apresentou o maior crescimento. Entre 2014 e 2016, a parlamentar, que disputa sua segunda eleição, teve um crescimento patrimonial de mais de R$ 800 mil, o que representa 5151% de aumento. Em 2014, a deputada afirmou ter R$ 17,1 mil em seu nome, que incluiam quotas entre 1% e 25% em cinco empresas diferentes. Dois anos depois, a declaração inclui uma BMW X3 ano 2011 e 100% das quotas de um centro educacional, que anteriormente declarou ser dona de apenas 25%. O maior valor aparece como um crédito de um empréstimo de R$ 700 mil.
A candidata do PP afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a evolução no patrimônio recorreu da retirada dos lucros acumulados ao longo de cinco anos por sua empresa, para a sua pessoa física. A transferência se deu por conta da nova legislação eleitoral, que veda a doação de recursos por pessoas jurídicas para campanhas.
O segundo maior aumento foi do também deputado estadual Ney Leprevost (PSD), que passou de R$ 376,5 mil em bens para R$ 860,4 mil – um aumento de 129%. De acordo com a declaração, o candidato deixou de ter carros em seu nome e trocou o apartamento de R$ 240 mil por uma casa de R$ 640 mil. O deputado também afirma ser dono de salas comerciais e R$ 120 mil em dinheiro.
O candidato do PSD afirmou, por meio da sua assessoria de imprensa, que o aumento é decorrente de três fatores – adiantamento de herança familiar, venda de um imóvel e dos rendimentos como deputado. A nota afirma ainda que a evolução patrimonial é compatível com os valores recebidos nos últimos anos.
Requião Filho (PMDB) apresentou um crescimento de patrimônio de 58% em dois anos. Em 2014, quando disputou a eleição para a Assembleia Legislativa, Requião Filho declarou ser dono de R$ 1,2 milhão em bens, que incluiam um apartamento e uma sala comercial em Brasília (DF) e dois carros. Em 2016, a declaração do candidato à prefeitura mostram uma casa de R$ 1,4 milhão no lugar do apartamento de R$ 620 mil e mais uma sala comercial no Distrito Federal.
Procurado, o peemedebista afirmou que o aumento de patrimônio se deu justamente por conta da venda do apartamento em Brasília pela compra de uma casa em Curitiba. “Vendi o apartamento por um preço melhor do que eu comprei e fiz um empréstimo para comprar a casa. A diferença é que declaro os bens no valor real que eles tem”, afirmou.
Candidatos que prestaram a última declaração há quatro anos
Ao contrário de Maria Victoria, Ney Leprevost e Requião Filho, que informaram patrimônio em 2014, por terem disputado as eleições naquele ano, Rafael Greca (PMN) e Gustavo Fruet (PDT) fizeram sua última declaração de bens em 2012, quando concorreram também à prefeitura.
Greca, que afirmou ser dono de R$ 543,4 mil em 2016, apresentou um crescimento patrimonial de 117% nos últimos quatro anos. Em 2012, afirmou ter pouco mais de R$ 264 mil. Durante o período, o candidato declarou duas novas obras de arte, além de 50% de um apartamento no Batel – anteriormente, apenas as benfeitorias no imóvel tinham sido declaradas.
A assessoria de imprensa do candidato do PMN afirmou, por meio de nota, que o aumento de patrimônio se deu pelo recebimento de herança dos pais e venda do patrimônio familiar. Sobre a falta do apartamento da declaração de 2012, a assessoria afirmou que um erro pode ter acontecido e que a posse de 50% de um apartamento consta na declaração de Imposto de Renda de Greca e em declarações de bens enviadas ao TSE em pleitos anteriores.
Atual prefeito e candidato à reeleição, Fruet também aumentou de patrimônio, passando de R$ 2,2 para 2,9 milhões nos últimos quatro anos – um aumento de pouco mais de 30%. Todo o ganho, de acordo com a declaração, foi em aplicações financeiras. Fruet também declarou ser dono de um Renault Duster ano 2014 na última lista de bens. A assessoria do pedetista afirmou que o aumento representa uma evolução adequada e condizente com sua renda pessoal, rendimento em aplicações e inflação do mesmo período.
Zero e queda de patrimônio
A candidata do PSol, Xênia Mello, concorreu para o cargo de deputada estadual em 2014 e declarou um patrimônio zerado. Nos últimos dois anos, não houve alteração nesse cenário.
O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) sofreu uma queda de 9% em seu patrimônio.De acordo com as declarações ao TSE, Veneri tinha R$ 374,4 mil no pleito de 2014. Agora, aparece com R$ 342,2 mil. A lista mostra que o petista não vendeu bens, mas aparece com um saldo menor em conta corrente.
Os candidatos Ademar Pereira (Pros) e Afonso Rangel (PRP) são candidatos pela primeira vez e não puderam ter o patrimônio comparado.