Pelo andar das negociações para a formação de sua base de apoio, o governador eleito Roberto Requião (PMDB) deverá encontrar uma oposição raquítica no início do seu governo na Assembléia Legislativa.
Embora os principais partidos que foram seus oponentes na campanha eleitoral ainda não tenham fechado uma posição sobre como vão se relacionar com o Palácio Iguaçu, a partir de 2003, as articulações para a construção da base de apoio de Requião indicam que nas novas bancadas de oposição, a maioria dos deputados não demonstra a disposição de ficar na linha inimiga.
O PMDB, PT, PPS e PL somam 22 deputados na base de sustentação do futuro governo. A um mês da posse, o foco de oposição a Requião já identificado é formado por cinco deputados: o atual líder do governo Jaime Lerner, Durval Amaral (PFL), Elio Rush (PFL), Plauto Miró Guimarães ( PFL), Ademar Traiano (PTB) e Valdir Rossoni (PTB). Eles fazem parte de um grupo de 32 deputados que se elegeram por partidos que foram adversários diretos do PMDB no segundo turno da eleição para o governo ou que se mantiveram neutros.
Mas nesse grupo de 32, vários já estão alinhados ao bloco de apoio. De sete deputados do PFL, Rafael Greca e Nelson Justus anunciaram que apóiam Requião. Entre os cinco tucanos, Hermas Brandão (é praticamente certo que ele terá o apoio do bloco governista à reeleição para a presidência da Assembléia), disse que está trabalhando para integrar os outros quatro colegas à base de sustentação do futuro governador.
Reaproximação
O PDT, do senador Alvaro Dias que disputou o segundo turno com Requião, sinalizou que tem disposição de compor com o PMDB e aliados na eleição para a Mesa Executiva da Assembléia. Os peemedebistas interpretaram o gesto como uma possibilidade de reaproximação. Pedetistas como o deputado José Maria Ferreira, que sempre participou do bloco de oposição a Jaime Lerner (PFL) junto com o PMDB, declarou que não tem nenhuma dificuldade em colaborar com a governabilidade futura.
O deputado eleito Vanderlei Iensen concorda. “Nesta legislatura, o PMDB e o PDT caminharam com as mesmas propostas há uma afinidade e a minha tendência pessoal é de apoio ao governo nas é claro que se a decisão do partido for diferente irei me submeter”, justificou o pedetista. Ele citou que também mantém ligações familiares com o PMDB, pois seu pai, o ex-deputado federal Matheus Iensen, é filiado ao partido.
Entre os quatro deputados do PPB, a tendência também é favorável a Requião. A deputada eleita Cida Borghetti já apoiou Requião no segundo turno e o novo líder da bancada, Duilio Genari, declarou que não tem dificuldades pessoais para compor com o governo. “Não tem por que não ajudar o novo governo”, comentou.
Caíto aposta em vantagem
Elizabete Castro
O provável futuro secretário da Casa Civil e atual articulador político do governo eleito, deputado estadual Caíto Quintana, disse que não tem dúvidas de que Requião terá a maioria no plenário da Assembléia Legislativa a seu lado. Ele acredita que, no início do governo, Requião vai levar vantagem sobre Lerner na relação com o Legislativo. O pefelista chegou a ter uma base aliada composta por 41 deputados mas sempre teve no mínimo um grupo de 14 fazendo oposição sistemática ao seu governo. Originalmente, o grupo era composto pelo PMDB, PT e o deputado José Maria Ferreira do PDT.
Quintana disse que além da superioridade numérica, é importante que o bloco de sustentação de Requião tenha identidade ideológica. “É necessário que as pessoas tenham o mínimo de afinidade para que o bloco possa funcionar. É impossível abrigar todo mundo nesse bloco até porque existem espaços eleitorais cobertos pelos aliados e a nossa intenção é evitar conflitos nas bases”, afirmou.
Jogo duro
Para o líder da bancada estadual do PMDB, deputado Nereu Moura, o estilo do governador eleito inibe a oposição. “Passei oito anos “batendo” diariamente no Jaime Lerner e nunca recebi uma resposta dele. Daqui para frente, o deputado de oposição vai se encontrar numa situação diferente. Qualquer crítica mais contundente que fizer será o próprio governador que vai rebater. Isso significa que as críticas terão que ser muito bem fundamentadas e muito claras porque elas não cairão no vazio “, comparou.