O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu nesta quinta-feira, 15, que estuda suspender o recesso parlamentar de julho para analisar rapidamente uma eventual denúncia contra o presidente Michel Temer na Casa.

continua após a publicidade

Maia afirmou que, em sua opinião, essa questão pode, sim, justificar uma suspensão do recesso. Ele explicou que isso seria definido em uma consulta ao plenário. A informação sobre essa possibilidade foi adiantada ontem pelo Estado.

continua após a publicidade

“É meio óbvio. Se tem uma denúncia contra o presidente que precisa ser votada… Aí, de repente, tem o recesso e para (a eventual votação) por 15 dias. Vamos voltar a tratar disso depois de 15 dias? Parar no meio do recesso, é claro que não tem condição. Tem que começar (uma eventual discussão sobre o assunto), tendo início, meio e fim. Para o Brasil, isso é fundamental”, disse. Ontem, Maia também afirmou que a decisão não depende apenas dele. “Isso não depende do presidente da Câmara, mas do plenário. Vamos aguardar. Estamos ainda na fase das hipóteses. Quando acontecer tratamos do resto.”

continua após a publicidade

Assim que for apresentada pela Procuradoria-Geral da República, a denúncia deve ser enviada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Segundo o Regimento Interno da Casa, o colegiado terá 15 sessões para analisar o caso, sendo dez para a apresentação da defesa do presidente e, depois disso, mais cinco para o relator apresentar seu parecer. Após ser votada no colegiado, a denúncia é apreciada no plenário.

Todos esses procedimentos levariam, em condições normais, ao menos um mês e meio. A recomendação do Planalto, porém, é não usar todo o período permitido para a defesa. O objetivo é colocar o tema em votação enquanto o governo tem segurança de que possui condições para rejeitar o pedido. Para ter sucesso nesta iniciativa, Temer espera contar, mais uma vez, com Maia. Apesar disso, o presidente da Câmara negou qualquer tipo de alteração na tramitação do pedido.

Líderes governistas dizem, porém, que há forte resistência dos parlamentares. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou que o período de férias está mantido entre os dias 18 e 31 de julho.

Para que o Congresso seja convocado extraordinariamente há dois caminhos regimentais: a convocação conjunta dos presidentes das Casas ou a aprovação de requerimento pela maioria absoluta dos integrantes das duas Casas.

Há ainda uma terceira via. O Congresso só pode entrar em recesso em julho se aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Caso não aprove, Câmara e Senado entram no “recesso branco”, quando não há sessões no plenário e nas comissões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.