A edição deste fim de semana da revista Veja traz reportagem na qual afirma que não só o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, conhecia o empresário Adair Meira, responsável por duas ONGs cujas irregularidades em contratos com o Ministério foram apontadas pela Procuradoria da República e pela Controladoria-Geral da União, como também teria viajado com ele para cumprir agenda do Ministério, a bordo de uma aeronave King Air, providenciada pelo próprio empresário. A revista descreve, inclusive, uma viagem realizada em 13 de dezembro de 2009, na qual o avião teria sido obrigado a retornar ao aeroporto de Imperatriz, no Maranhão, por problemas técnicos. Naquele voo, teriam estado a bordo o próprio ministro, o empresário Adair Meira, o ex-governador do maranhão Jackson Lago (já falecido) e o então secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério, Ezequiel de Souza Nascimento.
Procurado pela revista, Ezequiel Nascimento confirmou que a aeronave ficou à disposição do ministro e dos pedetistas do Maranhão, além de confirmar a presença de Adair Meira a bordo em voos entre os municípios. Nascimento confirmou ainda que Meira providenciou o avião para servir o ministro.
“O ministro Carlos Lupi cumpriu uma agenda oficial, usando um avião privado, pago por um dono de ONG que tem negócios com o Ministério. E, pior, um dono de ONG acusado de fraudar o próprio ministério”, resume a revista.
A Veja lembra que, ao prestar esclarecimentos ao Congresso, Lupi afirmou desconhecer Adair Meira. “Eu não tenho relação nenhuma, absolutamente nenhuma, com o – como é o nome? – seu Adair”, relatou a revista, sobre o depoimento de Lupi. Na sequência, o ministro emendou: “Posso ter e devo ter encontrado com ele em algum convênio público. Não sei onde ele mora.” Lupi também negou ter viajado em aeronave do empresário.
Duas ONGs do empresário – a Fundação Pró Cerrado e a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) – receberam do Ministério do Trabalho o selo Parceiros de Aprendizagem, no final do ano passado. A Procuradoria da República, lembra a revista, já pediu a devolução de recursos públicos embolsados pelas entidades e a CGU apontou várias irregularidades nos contratos.
Também procurado por Veja, Adair Meira negou ter voado no mesmo avião que o ministro ou ter alguma relação mais próxima a ele. Disse também que suas ONGs foram escolhidas pelo Ministério do Trabalho por competência.
A revista procurou ainda o deputado Weverton Rocha, do PDT, que confirmou que o avião foi alugado para atender à comitiva do ministro, mas ressaltou que as despesas – cerca de R$ 70 mil – foram pagas pelo partido, por meio do ex-governador falecido do Maranhão.