Ao participar de uma extensa carreata em Belo Horizonte ao lado da presidenciável petista Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou hoje o discurso contra as elites ao afirmar que os mais ricos foram os que mais ganharam dinheiro no seu governo, mas não conseguiram superar o preconceito de ver um metalúrgico na Presidência.
Em discurso na Praça Sete, coração da região central da cidade e ponto final da carreata, Lula reclamou do comportamento de moradores do bairro Mangabeiras – uma das regiões mais nobres da capital -, onde teve início o ato eleitoral e está localizada a residência oficial do governador do Estado, Antonio Anastasia (PSDB).
“Lá tinha pessoas que faziam assim para nós”, disse o presidente, repetindo o gesto do polegar para baixo. “Eu diria para vocês que eu fico constrangido porque aquelas pessoas ricas foram as pessoas que mais ganharam dinheiro no meu governo. Aquelas pessoas, na verdade, o que elas não conseguiram superar foi o preconceito contra um metalúrgico ser presidente e fazer pelo Brasil o que eles não conseguiram fazer.
Se dirigindo a Dilma, Lula pediu que a petista percebesse a “diferença da elite e do povo”. “É com esse povo que você vai ganhar as eleições.” Segundo Lula, além do preconceito “dessa parcela da população”, Dilma enfrenta agora o “medo” de que uma mulher venha a ganhar a disputa pelo Palácio do Planalto.
Diante de cerca de quatro mil pessoas, conforme estimativa da Polícia Militar, o presidente pediu mobilização e ressaltou que, se eleita, a petista “será a primeira presidente de Belo Horizonte. “A partir de agora companheiros de Minas não tem trégua”, disse. “Porque mineiro que é mineiro, mineira que é mineira, não traem o seu torrão.”
A campanha petista concentra esforços na capital do Estado, onde Marina Silva (PV) venceu. Hoje, o ministro das Relações Institucionais licenciado, Alexandre Padilha, visitou e pediu o apoio do candidato ao governo de Minas pelo PV, José Fernando Aparecido. No primeiro turno, Marina obteve em Minas 21,25% dos votos válidos, o que corresponde a 2,29 milhões de votos.
JK, Tancredo e Tiradentes
As origens mineiras de Dilma também foram insistentemente ressaltadas durante o ato político. Na carreata, que percorreu bairros da zona Sul até a região central, Dilma foi apresentada pelos locutores oficiais como uma belo-horizontina que poderá chegar à Presidência.
Dilma seguiu num jipe aberto ao lado de Lula e do vice-presidente José Alencar. Na região central da cidade, a carreata ganhou mais adeptos e tumultuou o trânsito. Sempre que podia, a candidata petista segurava no colo e beijava crianças. Ela recebeu um manifesto de apoio de várias organizações populares em defesa da agricultura familiar no Dia Mundial da Alimentação.
Na etapa final do ato, de cima de um carro de som, Dilma fez questão de ressaltar o que chamou de “compromisso sagrado” com Minas Gerais. “Se Deus quiser eu vou ser a primeira mineira presidente do Brasil”, discursou a candidata. “Esta terra em que eu vi pela primeira vez a luz da vida. Esta terra que me ensinou o valor da liberdade, da justiça e do desenvolvimento. Esta terra de JK (Juscelino Kubitschek), de Tancredo Neves, de Tiradentes, é uma terra abençoada. Vou honrar essa herança mineira que tenho”.