A notícia de que a ministra Dilma Rousseff se submete ao tratamento de um linfoma caiu ontem como uma bomba no PT. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva custou a saber dos problemas de saúde de sua candidata para a corrida presidencial de 2010. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que Lula só foi informado de que Dilma se submeteu a um procedimento para a retirada do nódulo há uma semana.
Na direção do PT, a lista de desavisados era bem mais extensa. Pela manhã, nem o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), estava por dentro do estado de saúde de Dilma. “Não tenho informações sobre isso”, disse, em viagem a Cuiabá (MT). Apoiados na tese de que a aparência física da ministra contradizia a alegação de que ela sofreria de problemas de saúde, petistas investiram, ontem pela manhã, na tese de que a notícia não passava de um boato. Mais tarde, passou a predominar o clima de apreensão em relação à entrevista que seria concedida pela ministra. E, no início da tarde, dirigentes já não escondiam, em conversas reservadas, o incômodo com o fato de até petistas graúdos serem avisados pela imprensa.
“Estou sabendo disso agora”, disse o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), antes da confirmação. O tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, emendou: “Dilma tem participado de inúmeros eventos partidários. A notícia é estranha”. Em ato do PT em Cubatão (SP), o senador Aloizio Mercadante (SP) cogitava a possibilidade de a notícia não se confirmar.
Membros da direção petista passaram a manhã trocando telefonemas em busca de informações sobre a saúde de Dilma. Reservadamente, alguns não disfarçavam a preocupação com o impacto que a doença pode ter no plano de lançá-la ao Planalto em 2010. Mas investiam na tese de que é cedo para buscar um nome alternativo.
Também em Cubatão, o presidente do PT paulista, Edinho Silva, foi na mesma linha. “Se a versão dos médicos é esta e, se ela quiser, insisto em que seja a nossa candidata”, disse. “Estamos falando de uma doença clinicamente tratável”, emendou o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP). Em Washington para um encontro do FMI, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que foi pego de “surpresa”. “Tenho certeza e segurança de que isso não vai afetar a vida política dela.”