O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na tarde desta quarta-feira, 23, na Casa de Portugal, zona central da capital paulista, de um ato de sindicalistas em apoio a ele, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Há cerca de mil pessoas no local, principalmente ligadas à CUT e à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Há também integrantes da Força Sindical – que é rachada entre sindicalistas pró e contra o governo.

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Lula chegou de carro, sem falar com a imprensa ou com militantes que tentavam se aproximar. No palco, ele ouviu a leitura de uma carta dos sindicalistas, que pedem por sua posse no Ministério da Casa Civil. A nomeação de Lula está suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a questão só deve ser decidida em plenário na semana que vem.

“Manifestamos total solidariedade à presidente Dilma Rousseff, legitimamente eleita pela maioria do povo brasileiro, e ao companheiro e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e exigimos a imediata efetivação de sua pose como ministro-chefe da Casa Civil. Expressamos a convicção de que Lula, na condição de maior líder político e popular do País, merece e goza de plena confiança e solidariedade dos dirigentes e da classe trabalhadora brasileira e irá contribuir de forma decisiva para solucionar a crise política e institucional que perturba o Brasil”, diz trecho da carta.

O documento também critica o que chama de tentativa de golpe contra o governo Dilma e chega a comparar o cenário atual com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e com o golpe militar, com a deposição de João Goulart em 1964. “Somente a via democrática, sem subterfúgios ou à margem da Constituição, poderá criar as condições para a retomada do crescimento e a geração de empregos no País. O momento requer unidade e demanda repúdio a atitudes antidemocráticas”, diz outro trecho da carta.

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Moro

O ato também teve falas contra o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato. Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), chegou a chamar Moro de “agente do Estado Islâmico”. “O Moro parece um agente do Estado Islâmico, nunca vi uma pessoa provocar tanto terror”, afirmou Araújo.

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Outras manifestações se posicionaram de forma contrária à condução coercitiva de Lula pela Lava Jato, autorizada por Moro. Os sindicalistas também criticaram a divulgação do áudio de grampos envolvendo Lula e a presidente Dilma Rousseff.

Nas manifestações que antecedem a fala de Lula, sindicalistas também manifestaram apoio à posse dele na Casa Civil. Álvaro Egea, secretário geral da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), disse querer ver Lula no governo e afirmou que setores conservadores tentam “construir um Estado de exceção” para “retirar direitos dos trabalhadores”. “Presidente Lula, queremos o senhor na Casa Civil, queremos o senhor no governo”, afirmou.

As falas são de apoio à legitimidade do mandato de Dilma Rousseff, mas também com críticas à política econômica que os sindicalistas classificam de “neoliberal”. “Nós temos que baixar os juros e injetar dinheiro na economia brasileira. Não vai ter golpe, vai ter luta”, disse Luizinho, presidente da Nova Central de São Paulo.

“Nosso ato não significa apoio à política do governo Dilma, mas nesse momento não temos dúvidas, vamos pra rua organizar a classe trabalhadora e botar esses golpistas para correr”, disse Edson Carneiro, o Índio da Intersindical.

Juruna, da Força Sindical, afirmou na sequência que “tomar tranco” pode ser positivo, para a unidade das centrais. A Força tem uma atuação rachada na batalha do impeachment. Ela é presidida por Paulinho da Força, que é aliado de Eduardo Cunha na Câmara e milita pelo impeachment de Dilma, mas tem lideranças pró-Lula e pró-governo. “Tomar um tranco também é muito bom porque leva à unidade de ação”, disse Juruna.