Lula reforça campanha do PT para o 2.º turno no Paraná

Em sua visita ontem a Londrina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gravou depoimentos de apoio aos quatro candidatos do seu partido que estão disputando o segundo turno das eleições no Paraná.

Lula, que esteve na cidade para inaugurar, junto com o ministro da Saúde, Humberto Costa, e o governador Roberto Requião (PMDB), o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) Brasil Sorridente, reuniu-se rapidamente com os candidatos petistas – Nedson Micheleti (Londrina), Angelo Vanhoni (Curitiba), João Ivo Caleffi (Maringá) e Péricles Mello (Ponta Grossa).

O Centro de Londrina é um dos quatro que o governo federal está entregando no Paraná. Ao todo, foram inaugurados 64 em todo o país. O programa tem investimento total de R$ 1,3 bilhão e prevê a instalação de 400 centros em todo o país, até 2006.

Os 24 prefeitos já eleitos pelo partido no dia 3 de outubro, que também estavam na cidade, junto com 27 vice-prefeitos e um grupo de vereadores, para um encontro com a executiva estadual, não foram recebidos por Lula. O presidente teria dito aos candidatos que espera vitórias no Paraná.

Antes da solenidade, o presidente reuniu-se com o governador Roberto Requião (PMDB) no hotel em que estava hospedado, onde conversaram sobre as eleições municipais. De acordo com a assessoria do Palácio Iguaçu, o governador convidou o presidente para vir a Curitiba nos próximos dias, participar da inauguração das novas instalações do Laboratório Central do Estado. O governador pretende escolher uma data em que a agenda do presidente permita sua vinda a Curitiba.

Na conversa, Requião fez um balanço das possibilidades eleitorais do segundo turno. Em Curitiba e Ponta Grossa, PT e PMDB estavam aliados desde o primeiro turno. Em Londrina, o PMDB passou a apoiar os candidatos petistas agora. Na avaliação que fez ao presidente, o governador fez uma previsão otimista sobre os resultados eleitorais da aliança PT e PMDB.

Tom político

Na solenidade de inauguração, o governador e o presidente discursaram. Mas somente Requião deu um tom político-eleitoral à sua fala, mesmo sem citar os nomes dos adversários do PT e PMDB no segundo turno da eleição em Londrina. Ao comentar a implantação do Centro Odontológico, Requião disse que era “muito bom” assistir a um repasse de recursos para a prefeitura de Londrina, já que tinha certeza de que seriam aplicados com seriedade e que não haveria “desvios e superfaturamento”. Foi uma referência indireta ao adversário da reeleição do prefeito Nedson Micheleti (PT), o ex-prefeito Antonio Belinati (PSL), que foi cassado pela Câmara Municipal acusado de desvios de recursos.

Requião continuou elogiando o prefeito petista. Ele disse ainda que considerava “altamente reconfortante” trabalhar com o que classificou de “uma administração séria e honesta” e mencionou que nem sempre foi assim na cidade. Segundo o governador, ainda está na memória de Londrina um “passado recente, altamente constrangedor e lamentável”.

“Visita foi eleitoreira”

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Londrina foi criticada pelo senador Alvaro Dias (PSDB), que classificou o fato de “eleitoreiro”. Segundo o senador, o presidente foi à cidade não para inaugurar um centro odontológico, mas para reforçar a campanha para o segundo turno de cinco candidatos do PT na região. Alvaro disse não ter dúvidas de que a visita é um “autêntico crime eleitoral”.

“Lamento profundamente que o presidente da República compareça ao Paraná para uma inauguração desse tipo, transformando um ato eminentemente local em acontecimento de repercussão política nacional, com o objetivo de obter dividendos eleitorais para os candidatos de seu partido, especialmente agora, no Paraná”, disse Alvaro, mostrando também que não há razão para se comemorar a visita. “Dos recursos previstos no Orçamento da União, Lula repassou apenas 5% ao Paraná. Portanto, seu governo ainda deve 95% dos recursos disponibilizados no Orçamento para o Paraná.”

“Dentadura não é moeda”

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou ontem o assistencialismo na política e sobretudo nas campanhas eleitorais. Ele disse que em pouco tempo “dentadura não será mais moeda eleitoral em nosso país”. A declaração foi dada na cerimônia de inauguração do Centro de Especialidades Odontológicas, em Londrina. Segundo o presidente, até 2006, 45% das pessoas que precisam de prótese dentária serão atendidas pelo programa “Brasil Sorridente”, que receberá investimento de cerca de R$ 3 milhões para a construção de laboratórios de prótese em todo o país.

No Brasil, segundo Lula, cerca de oito milhões de pessoas com mais de 30 anos já perderam dentes e precisam usar prótese dentária, e dois milhões de adolescentes nunca foram ao dentista. “O sorriso bonito é um direito de todo o cidadão. Existem milhões de brasileiros que o guarda atrás de lábios serrados, e não é por tristeza, é porque não tiveram a oportunidade de cuidar da saúde bucal”, disse.

O presidente disse que antes das pessoas terem seus dentes extraídos, precisam primeiro ter a chance de tratá-los. “Nos centros de especialidades odontológicas, a serem inaugurados em todo o país, o dentista só vai arrancar um dente se não tiver condição de recuperá-lo. O dentista que arrancar um dente sem necessidade, a gente tem que pegar o dentista e arrancar logo os dentes dele, para ele aprender como é bom arrancar os dentes de uma pessoa”, afirmou.

Inaugurações continuarão

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai continuar inaugurando todas as obras que o governo tem para inaugurar, independentemente do período eleitoral. “Não é porque tem uma eleição que nós vamos deixar de inaugurar as coisas que temos de inaugurar, porque o povo não pode esperar os benefícios que o Estado brasileiro tem que oferecer”, afirmou o presidente na inauguração do Centro de Especialidades Odontológicas, em Londrina (PR).

O presidente reconheceu, no entanto, que inaugurações de obras em períodos eleitorais são desagradáveis e geram polêmicas. “Mas ao presidente da República não resta alternativa, porque no Brasil todos têm direito de férias, o presidente não tem. Não está previsto na lei férias para o presidente da República. Por isso, temos que trabalhar, tenha eleição ou não tenha, tenha carnaval ou não tenha carnaval.”

O presidente voltou a falar do ciclo positivo que a economia brasileira está passando. “A nossa economia está com substância e os empregos estão voltando. Estamos batendo recordes atrás de recordes nas exportações, e o mercado interno está se fortalecendo.” Ele garantiu que este ano o Brasil vai crescer acima de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), “e em 2005, muito mais”.

Segundo Lula, mesmo gastando só o que o governo tem para gastar, o Brasil vai atingir todas as metas previstas. “O governo responsável não gasta aquilo que não pode gastar. Ele gasta aquilo que tem para gastar em coisas que tragam concretamente benefícios para a sociedade”, afirmou.

Fronteira

Ainda na tarde de ontem, o governo brasileiro anunciou que pretende mudar a forma de tratamento militar, administrativo e jurídico que dá à faixa de terras de 150 quilômetros de largura e quase 17 mil quilômetros de comprimento que fica entre o Oiapoque e o Chuí, a chamada faixa de fronteira. Ao contrário do que vem acontecendo desde o Império, quando foi criada esta faixa de terras para servir de segurança contra possíveis invasões estrangeiras, a intenção é transformar esta região em ponto de integração com os 10 países vizinhos.

Os crimes transnacionais são uma das principais preocupações do governo. Segundo o consultor-geral da República, Manoel de Castilho, as fronteiras formais na região Sul do Brasil já foram derrubadas pela realidade da integração entre os países do Mercosul.

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