Lula quer saber de que lado Requião vai ficar

O governador Roberto Requião (PMDB) tem hoje um encontro marcado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Será em Brasília. A conversa já estava marcada antes do entrevero de ontem com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), e fontes ouvidas por O Estado informaram que o encontro foi mantido. O governador viaja a Brasília no início da manhã e também deve se encontrar com o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer, o principal negociador do apoio à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão presidencial.

Apesar do conflito entre o governador e o ministro, as direções do PMDB e do PT do Paraná procuraram separar as divergências entre Bernardo e Requião das negociações eleitorais. “Não foi a primeira e nem será a última vez que o governador faz este tipo de manifestação contra o ministro. Mas é claro que foi um mau momento para fazer isso, porque o nosso diálogo estava indo bem”, afirmou o presidente estadual do PT, deputado estadual Ênio Verri.

O presidente do partido, que até o início do mês ocupava a Secretaria do Planejamento do governo Requião, leu na tribuna da Assembleia Legislativa a nota oficial em defesa do ministro, acusado por Requião de propor o superfaturamento de uma obra ferroviária no Paraná. Verri afirmou que não vê na atitude do governador uma sinalização de que está se aproximando do PSDB no Paraná. “Não acredito que o Requião tenha feito isso para construir uma mudança de lado político. O DEM, o PPS e o PSDB são contra todas as políticas implementadas no governo do Paraná”, disse.

Verri descartou a saída dos indicados do PT no governo Requião. O presidente estadual do PT afirmou que não há motivos para os dois secretários petistas no governo Requião, Valter Bianchini (Agricultura) e Lygia Pupatto (Ensino Superior) deixarem seus cargos. “Nós trabalhamos sobre programa de governo”, resumiu. O presidente estadual do PMDB, deputado estadual Waldyr Pugliesi, também procurou amenizar a situação. “Uma denúncia foi feita e, se o governador fez, deve tê-la embasada de maneira séria. O PT e o PMDB têm pontos de conflitos, mas também têm pontos de chegada, de identificação”, disse Pugliesi.

O peemedebista criticou a posição do líder da bancada do DEM, Plauto Miró Guimarães Filho, que elogiou Bernardo e atacou o governador, afirmando que há interesse eleitoral na denúncia de Requião. De acordo com o líder do DEM, o governador abriu fogo contra o ministro porque a esposa de Paulo Bernardo, Gleisi Hoffmann, é candidata a uma das vagas ao Senado, tanto quanto o governador. “São as bactérias oportunistas”, reagiu Pugliesi, ao comentar o pronunciamento do líder do DEM. Além de Plauto, o líder da bancada do PSDB, deputado estadual Ademar Traiano, também prestou solidariedade ao ministro do Planejamento. Para o presidente do PMDB, as manifestações da oposição são tentativas de atrair o partido para uma composição em torno da pré-candidatura do prefeito Beto Richa (PSDB) ao governo do Estado.