O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em discurso de abertura no Fórum Econômico Mundial na América Latina, que o protecionismo é “uma droga” e que é necessário retomar as negociações da Rodada Doha de comércio multilateral, da Organização Mundial do Comércio (OMC). “O protecionismo é uma droga que oferece alívio imediato e rapidamente lança a vítima em depressão”, disse. “A reativação do comércio é fundamental para a retomada do crescimento”, afirmou.

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No mesmo discurso, o presidente voltou a defender a estatização de bancos como forma de enfrentar a crise. “A estatização de bancos em dificuldade, mesmo temporária, não pode ser descartada por causa de preceitos ideológicos”, afirmou.

O presidente ressaltou ainda a importância do Estado na retomada do crescimento mundial. “Não quero um Estado empresário, gerenciador, mas um Estado indutor, fiscalizador, que zele pelos interesses do povo e não de uma minoria”, disse, acrescentando que “na hora em que os criadores da tese de que o Estado não vale nada apertaram o calo, perceberam que quem pode salvá-los é o Estado”.

Lula comentou ainda a participação do Brasil na reunião do G-20 (grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo, representadas por 19 países desenvolvidos e emergentes e pela União Europeia), no início deste mês, em Londres, onde, segundo ele, estava clara a mudança em curso na ordem mundial. “Passei metade da minha vida dizendo que era preciso construir uma nova ordem mundial e agora vi pessoas que nunca achei que chegaria perto delas dizendo que isso é preciso”.

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FMI

Lula defendeu que os recursos adicionais que serão destinados por vários países, inclusive o Brasil, ao Fundo Monetário Internacional (FMI) “devem destinar-se prioritariamente a países mais vulneráveis, que perderam mercado e acesso a financiamento externo”.

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O presidente lembrou que passou boa parte da vida protestando contra o Fundo. “Passei 20 anos da minha vida carregando faixas e gritando na rua ‘fora FMI’, mas esses dias chamei o ministro da Fazenda (Guido Mantega) e disse a ele, vamos emprestar dinheiro para o FMI, não somos devedores mas credores, com a condição de ajudar a economia dos países pobres e em desenvolvimento”.

Lula enfatizou também que o Fundo “precisa mudar de comportamento, tem de ser um organismo multilateral com regras democráticas na participação dos países, ninguém é melhor do que ninguém por colocar um dólar a mais (no Fundo)”.

Crise

O presidente repetiu que “o Brasil, que entrou por último na crise, vai sair primeiro e mais fortalecido (dela)”. Segundo Lula, os empresários brasileiros “não devem desativar os projetos porque o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem dinheiro para financiar”. Ainda de acordo com o presidente, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ajudará o País a “sair da crise mais rápido”. Segundo ele, “faremos qualquer coisa para evitar que esse País volte à estagnação da década de 80 e de 90”.