A menos de 20 dias da Cúpula do G-20, que será realizada em Pittsburgh, nos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mais voz aos países emergentes no seio do grupo e reafirmou que o G-8 – o conjunto das economias mais ricas do mundo – “não tem mais razão de existir”. Em entrevista à imprensa francesa, o presidente brasileiro afirmou ainda que o País voltará a crescer 5% no ano que vem.

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O presidente usou a mídia europeia para pedir que o G-20 cumpra a promessa de “regular fortemente o sistema financeiro mundial”, uma bandeira para a qual tem o apoio do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que faz visita de 24 horas ao País. “A crise mostrou que o Estado deve voltar a desempenhar um papel importante”, esclarecendo falar de “um estado que supervisione o sistema financeiro”. Lula também afirmou ter a expectativa de que essas discussões tenham força no G-20. “O que eu não quero é que essa crise diminua e que as pessoas se acomodem. Nós temos de aproveitar essa crise para mudar a lógica do capitalismo mundial”, afirmou, pedindo a reforma da legislação internacional referente aos paraísos fiscais.

Para tanto, disse que os países desenvolvidos devem se abrir à voz dos emergentes. “O G-20 deve saber dar a palavra a todos os países, porque o problema envolve todo mundo.” Lula retomou as críticas feitas durante a reunião dos sete países mais ricos do mundo, mas a Rússia, em Áquila, na Itália, em julho. “O G-8 não tem mais nenhuma razão de ser”, reiterou, lembrando que o grupo não inclui a China, a Índia e o Brasil. “Você não pode pensar que o mundo de hoje é o mesmo de 1950.”

Lula disse ainda esperar a “democratização” do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o retorno dos empréstimos do Banco Mundial aos países pobres.

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A resistência da economia do Brasil à crise financeira foi outro tema de destaque da entrevista do presidente à Radio France Internacional (RFI), à emissora TV5 Monde e ao jornal Le Monde, que foi ao ar hoje, em Paris. Lula disse acreditar que o auge da crise econômica e financeira já foi superado – pelo menos no País. “No caso do Brasil, o pior já passou. Nós recebemos a crise por último e nós saímos em primeiro”, vangloriou-se. “Tomamos todas as medidas que deveríamos.”

O resultado dessas iniciativas, sustentou o presidente, foi a plena retomada da atividade econômica. “Os números da economia são muito promissores para este último semestre e para o ano de 2010. Nós acreditamos que a economia brasileira vai continuar crescendo a 5% no ano que vem.”

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