O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje um discurso de apoio aos catadores de produtos recicláveis e conclamou os prefeitos a evitarem que empresas explorem a atividade no lugar dos trabalhadores. Ao participar da abertura da Expocatadores 2009, evento voltado às associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, na capital paulista, Lula defendeu ser melhor que “muitos ganhem pouco” do que “um ganhe muito”.
“Quero fazer um apelo aos prefeitos brasileiros dos quase 6 mil municípios do País. Agora que a coisa começou a dar lucro, podem começar a aparecer algumas empresas querendo se apoderar da reciclagem. As pessoas que até agora trabalharam na reciclagem podem ser jogadas para fora, para atender aos interesses de um grande empresário”, alertou o presidente. “Quero pedir a todos os prefeitos deste País para que levem em conta: é muito melhor para a cidade, para o Brasil e para a cidadania termos muitos ganhando pouco do que ter apenas um ganhando muito.”
Lula também discorreu sobre o Projeto de Lei 203/91, que atualmente tramita no Congresso Nacional e cria uma Política Nacional de Resíduos Sólidos. A proposta institui regras para a coleta seletiva de lixo e prevê que a atividade seja licitada e remunerada pelas prefeituras. Os catadores temem que as cooperativas percam as concorrências para grandes empresas interessadas no negócio. “Tenho certeza de que vamos contar com os prefeitos, governadores e com o Congresso, que vai aprovar a lei dos resíduos”, afirmou Lula.
Muito aplaudido pela plateia da cerimônia de abertura do evento, repleta de catadores do País e da América Latina, Lula recriminou o tratamento “humilhante” que os catadores recebem de parte da sociedade. “Essa gente não tinha vergonha de passar de carro e jogar um lixo qualquer, achando que vocês eram de segunda categoria e que vocês tinham obrigação de catar o lixo deles”, disse o presidente. “Vocês estão fazendo hoje muito mais do que catar material. Vocês estão ensinando a essa gente pedante, a essa gente arrogante, que o ser humano não pode ser discriminado pela sua profissão ou pelo trabalho que faz. Essa é a conquista maior de vocês. E acho que é isso que estão consagrando.”