Lula ironiza o mensalão e diz que dorme tranqüilo

Em entrevista a emissoras de rádio do Rio e de São Paulo, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou as denúncias de mensalão em seu governo e lembrou o caso da Escola Base, em São Paulo, para dizer que há denuncismo sem provas. "Se colocou na cabeça do povo brasileiro que havia mensalão. Virou até refrão de música", afirmou.

O presidente acrescentou que só poderia ter tomado conhecimento das irregularidades que estariam ocorrendo nos bastidores do governo de três formas: se tivesse participado delas, se alguém tivesse participado e contado a ele ou se a imprensa tivesse denunciado. "Todas as denúncias que foram feitas serão investigadas e os culpados serão exonerados", garantiu.

Ele, porém, afirmou que muitas denúncias são feitas por conta da proximidade das eleições. "O que o governo não pode fazer é um carnaval toda vez que acontece a denúncia. Porque alguns só querem denunciar, denunciar e denunciar, sem trégua. Não fujo à minha responsabilidade e quero prestar contas de cada coisa que aconteceu", disse. Indagado se, quando tinha pesadelos, sonhava com Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, ou com o empresário Marcos Valério, acusado de operar o suposto esquema de mensalão, Lula respondeu: "Eu não tenho pesadelo. Eu sou um cidadão que, durante a minha vida inteira, encosto a cabeça no travesseiro e durmo tranqüilo. Acho que eu tenho muito mais razões pra sonhar coisas boas do que pra ter pesadelo".

Sobre o caso Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002, Lula disse não acreditar que tenha tido motivações políticas. O presidente citou os laudos de crime comum emitidos pela Polícia Civil de São Paulo e pela Polícia Federal e afirmou que a morte do prefeito petista foi um ?acidente de percurso?.

"Não acredito em crime político em hipótese alguma. Eu acho que assaltaram, seqüestraram e depois perceberam o tamanho do peixe, como diz na gíria policial, e resolveram matar, de forma irresponsável e por medo", disse. Lula criticou a atitude de alguns integrantes do Ministério Público, que, segundo ele, insistem em levantar o caso no período eleitoral.

"Lamentavelmente, uma parte do Ministério Público de São Paulo toda vez que vem chegando a eleição levanta esse caso. No Ministério Público, uma minoria faz uso político disso, toda ocasião que interessa fazer. Eu confesso que é preciso ter mais seriedade", afirmou.

Lula voltou a assegurar que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, permanecerá no cargo. Lula também voltou a citar bons resultados da economia e a comparar sua gestão com a de Fernando Henrique, ressaltando a geração de empregos. Lula elogiou o desempenho do ministro, a quem comparou ao craque Ronaldinho Gaúcho, da seleção brasileira e do time espanhol Barcelona. Foi o terceiro elogio do presidente ao ministro esta semana. Para Lula, "mexer com Palocci é o mesmo que pedir ao Barcelona para tirar Ronaldinho Gaúcho".

"O Palocci é uma figura extremamente importante nesse momento político e econômico do Brasil. O Palocci foi convidado por mim, continuará e será o meu ministro da Fazenda. Isso não tem discussão, especulação", afirmou.

E continuou: "Quem quiser especular que vá para a Bolsa de Valores, não faça isso com o nome de ministros". Segundo o presidente, Palocci é um homem "calculista" que transmite para os investidores tranqüilidade em relação à condução econômica. "O Palocci é um homem de uma competência acima da média das pessoas que já passaram pela Fazenda no Brasil", disse. 

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