O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou nesta sexta-feira, 19, uma participação para o programa partidário do PT, que vai ao ar na terça-feira, 23. Segundo fontes petistas ouvidas pelo Broadcast Político, Lula aparecerá para falar de conjuntura nacional e não vai tocar nas denúncias divulgadas nos últimos meses, envolvendo um sítio em Atibaia e um tríplex no Guarujá. “É hora do discurso da convivência, de termos uma trégua nesse embate político”, disse uma pessoa próxima à equipe de comunicação à reportagem.
O tom adotado no programa, de 10 minutos, será semelhante ao das inserções, mais curtas. “Queremos um programa sóbrio, com consistência nas afirmações. Vamos falar da importância de trabalhar para unir as pessoas, mantendo estabilidade de direitos democráticos e retomada da economia”, afirmou uma fonte no partido.
O publicitário que coordena a criação do programa é Edson Barbosa, dono da Link Propaganda, que voltou a trabalhar com o PT em dezembro. Segundo o relato das fontes, Barbosa levará os primeiros pilotos do programa para aprovação do presidente nacional da legenda, Rui Falcão.
A equipe ainda considera a participação da presidente Dilma Rousseff, mas a estratégia é estudada. As aparições da presidente na TV, desde o ano passado, foram recebidas por panelaços em várias cidades do País.
O programa vai falar do legado deixado pelos governos Lula e Dilma na área social. Em relação à economia, o partido não tem fechada a estratégia de comunicação. A ideia é reforçar que não haverá perda de direitos de trabalhadores e que o governo seguirá com os programas sociais que são a marca do PT, mas o script será avaliado com cuidado.
O partido e o governo divergem sobre o ajuste fiscal que começou com Joaquim Levy e agora segue com Nelson Barbosa, novo titular da Fazenda. Neste início de ano, a principal questão é a proposta de reforma da Previdência. Barbosa tem defendido a urgência de mudar regras, como impor uma idade mínima para aposentadorias e equalizar as condições para homens e mulheres. Parlamentares petistas e a base sindical do partido resistem à ideia, argumentando que há outras medidas que podem ser tomadas antes de afetar os direitos dos trabalhadores com uma proposta de reforma previdenciária.