O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje a jornalistas estrangeiros, no Rio de Janeiro, que não gostaria de deixar para a presidente eleita, Dilma Rousseff, a decisão sobre o futuro do ativista italiano Cesare Battisti, condenado na Itália e que está preso no Brasil. Lula afirmou que está apenas aguardando um parecer do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, para “balizar” sua opinião. Disse, porém, que já tem a decisão na cabeça.

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“Mas não posso antecipar. Um presidente só se posiciona com base nos autos do processo”, declarou. “Espero que o advogado possa me apresentar antes de terminar o meu mandato, porque não gostaria de deixar para ela (Dilma) tomar a decisão”, disse o presidente.

Lula elogiou a cobertura do País feita pela imprensa estrangeira, com informações que “têm correspondido ao que tem acontecido”. Na visão dele, a imagem do Brasil melhorou e não aparece mais no exterior apenas como o país do futebol e do carnaval, mas sob a perspectiva de uma nação que caminha para ser a quinta economia do mundo.

Em resposta a perguntas sobre a recente operação no complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio, Lula elogiou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) criadas há pouco menos de dois anos na gestão do governador aliado Sérgio Cabral Filho (PMDB), que estava ao seu lado. Para Lula, o “sucesso das UPPs pode ser nacionalizado”. “Vai custar caro, mas é melhor que deixar traficantes matando inocentes. Se for necessário, a Presidência vai arrumar dinheiro para fazer o que deve ser feito”, disse Lula.

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Ele também fez um paralelo com o Haiti, ao responder uma pergunta sobre o custo de se manter as UPPs. “Mantemos tropas no Haiti porque isso é importante, mas o que a ONU (Organização das Nações Unidas) paga não dá. Não podemos ficar olhando só para a questão financeira.”

Palpite

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Lula voltou a dizer que, após deixar o governo, não dará palpite na gestão de sua sucessora. “Preciso desencarnar de dentro de mim o papel de presidente. Preciso tentar voltar o mais próximo possível da normalidade, para que possa voltar a fazer política sem competir com quem está governando, sem dar palpite.”

Ele também disse considerar a reforma política “a principal que precisamos fazer”. “Mandei duas propostas, mas os partidos não se entendem. Não andou”, afirmou. Lula disse ainda aos correspondentes que “não há ninguém mais otimista que os brasileiros”.