Uma semana depois do segundo turno das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não saiu do palanque. Desta vez, o discurso político enaltecendo seus oito anos de mandato foi no Palácio do Itamaraty, na cerimônia dos formandos do Instituto Rio Branco. Em discurso de quase meia hora, Lula disse aos novos embaixadores que eles agora vão representar o País do pré-sal, da ferrovia Transnordestina e de outras obras realizadas nesses últimos oito anos de governo.
Lula lembrou das relações do Brasil conquistadas com a Argentina, com a Bolívia (no episódio do gás), com o Paraguai (na discussão sobre Itaipu) e a com Venezuela. E destacou o empenho do seu governo nas relações comerciais com a África. O presidente lembrou das críticas que recebeu ao visitar os países africanos e fez graça ao afirmar que nos governos anteriores a preferência era pela França.
Lula disse também que foi o único presidente que rompeu com a prática de indicação de políticos derrotados, em vez de profissionais formados, em eleições para cargos de embaixador. “Muita gente que foi presidente antes de mim deve estar com a coceirinha na cabeça e perguntado porque ele fez e eu não fiz”, provocou, esquecendo que, no início de seu governo, nomeou políticos para embaixadas, como Tilden Santiago, para Cuba, e o próprio ex-presidente da República Itamar Franco para as embaixadas de Portugal e Itália.
Ao parabenizar os novos formandos, Lula comentou a eleição da primeira mulher que assumirá o governo em 1.º de janeiro. Segundo ele, a presidente eleita, Dilma Rousseff, representa a geração de 1968, que chegou ao poder pela via democrática e que aos 20 anos “ousou lutar pela liberdade democrática”.
“Hoje o mundo está curioso em saber o que é o Brasil do pré-sal, do presidente metalúrgico que termina o governo com 83% de popularidade e que elegeu uma mulher que até há pouco ninguém conhecia”, disse. “O Brasil hoje é citado não pelos defeitos, mas pelas virtudes”, completou. Ele fez elogios ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “Vai ser difícil a imprensa brasileira reconhecer que Amorim foi o mais importante ministro das Relações Exteriores.”
“O Brasil tem reservado no século 21 um papel de destaque na política mundial. Nós não jogaremos fora a chance deste País, que foi jogada fora no século 20. O Brasil será uma das grandes potências do mundo para fazer tudo aquilo que os outros não fizeram. Não queremos ser uma potência para ser igual e fazer as mesmices, repetir as guerras, as agressões. Queremos ser uma potência para provar que é possível criar um mundo diferente do que temos hoje”, concluiu.