O candidato a presidente, Geraldo Alckmin (PSDB), da coligação Por um Brasil Decente (PSDB-PFL), afirmou ontem que o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da coligação A Força do Povo (PT-PRB-PC do B) à reeleição, anteontem, que, mais uma vez, falou de ética para atacar a oposição, ?é uma bravata, não passa disso?.
Alckmin afirmou ainda: ?Querer falar em ética parece piada.? Ele continuou: ?Eu tenho respeito pelas pessoas, mas quero deixar claro o ódio e nojo pela corrupção e incompetência?. Alckmin fez essas declarações após uma caminhada de mais de uma hora no Mercado Municipal de São Paulo.
O candidato da coligação Por um Brasil Decente a presidente considerou ?inadmissível? a corrupção e incompetência prejudicarem o povo brasileiro. ?Temos de agir com muita firmeza?, defendeu. Alckmin esteve acompanhado de cinco vereadores tucanos da capital paulista e, durante o trajeto, abraçou e cumprimentou vários eleitores e recebeu algumas reivindicações, como a do pedreiro Dorival Ferreira, que pediu empenho na área de geração de empregos.
?Estou desempregado há mais de um ano, e é uma vergonha ser sustentado pela minha mulher. Pago meus impostos, mas, infelizmente, os políticos empurram o problema com a barriga?, reclamou. Ainda durante o passeio, o candidato da coligação Por um Brasil Decente foi abordado pelo estudante de engenharia mecânica Marcos Colomello e pelo publicitário Aníbal Luís, que cobraram maior firmeza nas críticas a Lula.
Alckmin ouviu a sugestão e prometeu aumentar as críticas assim que começar a publicidade eleitoral gratuita no rádio e na TV, no dia 15. Após o percurso, Alckmin destacou que não se pode perder a indignação com que está errado no Brasil. O candidato da coligação tucana voltou a dizer que o grande desafio do País é o crescimento sustentável. Alckmin prometeu, novamente, manter a inflação sob controle, reduzir juros e impostos, e propiciar um desenvolvimento que se pode sustentar.
Ao falar da maior reivindicação dos eleitores que o abordaram no Mercado Municipal, a geração de vagas de trabalho, o candidato evitou falar em números, mas prometeu empenhar-se ao máximo para isso. ?Nossa agenda será a do crescimento?, ressaltou. Alckmin rebateu ainda a estratégia adotada por alguns dirigentes petistas de pedir a investigação do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no escândalo dos sanguessugas.
?Eles (petistas) querem generalizar a conduta errada, e não aprenderam com a crise.? Mas advertiu que, se houver alguém dos partidos que apóiam a candidatura dele envolvido nesse escândalo, tudo deve ser apurado e os responsáveis, punidos. Durante o caminho, o ex-governador de São Paulo recebeu o apoio de um dos líderes do movimento gay da capital paulista, Robson Cerqueira. ?Quando era governador, Alckmin aprovou a Lei 10.048, que pune a homofobia em bares e lugares públicos em São Paulo?, disse Cerqueira.
Segundo ele, ?a ala mais intelectualizada no movimento gay apóia os tucanos?. Alckmin recebeu também o apoio do dono de uma barraca de queijos. O empresário, que se identificou como Roni, agradeceu ao ex-governador pela redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da muçarela. Roni afirmou que pagava cerca de 18% de ICMS neste produto, o que tornava o negócio menos competitivo. ?Com Alckmin a alíquota caiu para cerca de 7%, e eu posso competir em pé de igualdade com os outros estados?, afirmou.
Em Minas, o governador Aécio Neves (PSDB) disse que o presidente Lula precisa ter serenidade para aceitar as críticas da oposição durante a campanha. Ao comentar as declarações feitas por Lula no final de semana, Aécio afirmou que, do ponto de vista ético, o PT ?tem se mostrado pior do que a média dos partidos brasileiros?. Em viagem a Santa Catarina, no domingo, o presidente acusou os opositores de ?desaforados?, que ?resolveram vender a idéia de que eles são os éticos e nós não somos éticos?. Lula convocou os petistas a defender sua gestão e ?a ética neste País?.
