Uma semana após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmar a construção de uma fábrica de amônia para fertilizantes da Petrobras em Uberaba (MG) – já prevista no Plano de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) -, o candidato de oposição à Presidência José Serra (PSDB) tratou a obra como um anúncio já garantido por ele anteriormente. “Isso não é compromisso, é um anúncio de quando me reuni com o (governador de Minas Gerais, Antonio) Anastasia e com o (ex-governador) Aécio (Neves) e eles me apresentaram os problemas de Minas”, disse Serra em visita à cidade mineira. “Vamos fazer, e o Triângulo Mineiro terá sua fábrica de fertilizantes,” afirmou.
Ao lado de Aécio, Serra considerou que a Petrobras “foi pouco ágil” para definir a obra na cidade mineira, já que condicionou a fábrica a garantias de investimentos do governo estadual na construção de um gasoduto para fornecer o combustível utilizado na planta industrial. “O anúncio (da Petrobras) é uma coisa que vai fazendo, fazendo, fazendo. Há quantos anos?”, indagou Serra para Aécio, que o acompanhava. “Há muitos”, completou. “Obstáculos foram colocados na questão do gasoduto, tivemos de assumir o compromisso de investir R$ 200 milhões na obra e agora não há mais justificativa para adiar a obra e não construí-la em um prazo de três anos”, emendou o ex-governador mineiro.
Serra criticou ainda pontos da política de saneamento básico do governo federal. Sem ser enfático na promessa, o candidato do PSDB sinalizou que pode desonerar empresas do setor de PIS/Cofins para que elas reaplicassem os recursos, estimados em R$ 2 bilhões por ano, em obras. “O atual governo aumentou a tributação, e o PIS/Cofins sobre saneamento duplicou. Se esses R$ 2 bilhões ficassem com as empresas para investimentos a fundo perdido em áreas carentes, teríamos dado um avanço”, afirmou.
De acordo com o ex-governador paulista, a proposta de desoneração para o setor de saneamento já foi apresentada por ele ao presidente Lula em um encontro com outros governadores, entre eles Aécio, em 2007, em Brasília. “Se ela fosse aceita, já teríamos R$ 8 bilhões a mais”, explicou Serra, que citou a Bahia, Estado governado pelo petista Jaques Wagner, como um exemplo onde o “saneamento está em uma situação de absoluta calamidade”, segundo ele. “Mais da metade do Brasil não tem o básico de saneamento que é coleta e tratamento de esgoto.”