Lula é candidato. E parte para o ataque

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Presidente Lula e a primeira-dama Marisa: painéis gigantes e slogan populista dão início a campanha do PT.

Na convenção nacional do PT que oficializou sua candidatura à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso recheado de ataques à oposição, comparações com o governo de Fernando Henrique Cardoso e auto-elogios. Ele chamou a oposição de "vozes do atraso", "que fazem da agressão e da calúnia suas principais armas", atacou indiretamente seu oponente, o tucano Geraldo Alckmin, por causa da crise na segurança, e disse que o povo não esqueceu o tamanho do buraco que PSDB e PFL cavaram.

No salão do Minas Tênis Clube, decorado com painéis gigantes com um Lula sorridente e um slogan populista -"Lula de novo com a força do povo" -, o presidente repetiu dez vezes a expressão "volto a ser candidato". Para todas, encontrou a justificativa de que o projeto de mudanças do Brasil tem de continuar e que o sonho não acabou. O presidente, no entanto, foi condescendente com o mensalão, citando a crise política apenas superficialmente chamando o maior escândalo já investigado pelo Congresso de "condutas equivocadas".

Diante de uma platéia de cerca de 4 mil petistas, e ao lado do vice José Alencar (PRB), que foi anunciado como o parceiro da chapa da campanha pela reeleição, Lula disse que os indicadores sociais e os números da economia são os melhores dos últimos 10 anos, mas mesmo assim afirmou que não está satisfeito com a taxa de juros. "Hoje as vozes do atraso estão de volta. E como não têm uma boa obra no passado e nem propostas para o futuro, fazem da agressão e da calúnia suas principais armas", afirmou Lula.

Sob delirantes aplausos, o presidente disse ainda que o povo não quer os tucanos de volta. "Mas eles nunca escutaram a voz do povo e, obviamente, não vão querer escutá-la agora", disse Lula. E continuou criticando a oposição. "Por mais que nos provoquem, não usaremos os mesmos métodos, pois temos armas limpas e poderosas. Uma delas é a comparação do que eles fizeram em oito anos de governo com o que nós estamos fazendo em apenas três anos e meio".

Lula disse que no final do governo de Fernando Henrique a economia encolhia, o emprego diminuía e a pobreza aumentava. Classificou a gestão de Fernando Henrique como "tempo da instabilidade e da vulnerabilidade econômica, época da insensibilidade social e de sucateamento da infra-estrutura e tempo dos grandes apagões". Foi um revide ao senador José Jorge (PFL), ministro de Minas e Energia durante os apagões de 2001, e hoje vice de Alckmin, que não se cansa de fazer críticas a Lula, como a de que o presidente "bebe muito".

Com a citação de vários indicadores otimistas de seu governo, o presidente disse que nos oito anos de gestão tucana foi grande o aumento da carga tributária. "Nosso aumento de arrecadação, ao contrário, se deu fundamentalmente pelo crescimento da economia e a melhoria da máquina arrecadadora". Lula disse ainda que acabou o tempo em que "um leve resfriado nos mercados globalizados significava uma grave pneumonia no Brasil".

Na comparação entre o governo do PT e a administração tucana, Lula disse que nos oito anos de Fernando Henrique, a taxa de desemprego aumentou 41%, enquanto no governo dele, diminuiu 13,7%. "Mais importante: enquanto eles criaram em média 8,3 mil empregos por mês, nós estamos criando uma média de 102 mil empregos mensais".

Ao falar sobre a crise política provocada pelo mensalão e pela revelação de que o PT praticava caixa 2, o presidente afirmou que o importante é que seu partido não perdeu o rumo e iniciou um processo de autocrítica. "A oposição aproveitou-se de algumas condutas equivocadas para generalizar culpas e tentar destruir o partido mais autenticamente popular do Brasil; o único construído de baixo para cima, com sonhos e a dor de milhões de brasileiros".

O presidente Lula, durante seu discurso na convenção, afirmou que a manutenção de Alencar na chapa é o reconhecimento do mérito, do "companheirismo e competência" do vice. O presidente disse que a ligação de um metalúrgico com um empresário demonstrou o equilíbrio que o país precisava. O presidente ainda pediu a José Alencar que esteja preparado para enfrentar as críticas dos adversários. "Nós dois vamos enfrentar muita inveja, muito ódio e muito preconceito, e nós vamos responder com muita paz, humildade e muito amor", disse Lula.

O presidente ainda agradeceu a primeira-dama, Marisa Letícia, e fez uma homenagem às mulheres brasileiras. Também agradeceu a atuação do presidente do Senado, Renan Calheiros e do senador José Sarney, ambos do PMDB e presentes à convenção. 

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