Quando terminar o segundo mandato como presidente da República, em 31 de dezembro de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva quer continuar na vida pública. O desejo foi manifestado pelo presidente em entrevistas publicadas, no fim de semana, nos jornais La Nación (Argentina) e ABC (Espanha). Ao diário de Buenos Aires, Lula disse que “gostaria de trabalhar, e muito, no tema da integração latino-americana”.

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O outro foco de interesse para trabalho público futuro, acrescentou o presidente, seria a África, com seus problemas de atraso econômico e tecnológico. “Quero ver se posso ajudar de alguma maneira”, disse. “Em 1º de janeiro de 2011, quero ir para casa e descansar. Depois, veremos. O que posso adiantar agora é que não tenho a intenção de me aposentar da vida pública”, resumiu o presidente ao ABC.

Na longa entrevista ao La Nación, o presidente disse que “Dilma pode ser a futura presidente do Brasil”. Mas emendou, em tom de recado aos petistas, que, para eleger a ministra-chefe da Casa Civil, é preciso “construir uma coalizão e saber se o PT quer que ela seja a candidata.”

Lula chamou de “privilégio” ter uma disputa eleitoral à sucessão dele com dois candidatos como Serra e Dilma. E emendou: “Se os candidatos forem Dilma, Serra e Ciro Gomes também será um luxo. Igualmente, se Aécio Neves (concorrer)”. O presidente festejou esse leque de candidatos e explicou o motivo: não são nomes de direita. “Vejo companheiros de esquerda, de centro esquerda, progressistas. Isso é um avanço extraordinário para o Brasil”, afirmou.

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Apesar dos inúmeros contenciosos comerciais com a Argentina, Lula minimizou o tempo todo a situação entre os dois países e disse que “a única divergência” é no futebol: “Se o Pelé é melhor ou não do que o Maradona”.

O diário ABC quis saber se o Brasil, assim como a Espanha, aspira a integrar o G-8 (o grupo dos sete países mais ricos e a Rússia). O presidente respondeu apenas que a consolidação de fóruns “mostra que não é mais possível excluir os países em desenvolvimento das instâncias de decisões mundiais”. E concluiu: “Os países ricos sabem que não se pode falar em governabilidade global sem a participação dos emergentes”.

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