Em visita à Argentina ontem (17), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que já foi “julgado” pelo mensalão. A declaração foi feita em entrevista ao jornal argentino “La Nación”. A afirmação do ex-presidente refere-se a eleição de sua sucessora indicada Dilma Rousseff e ao seu alto índice de aprovação no final de seu mandato.
“Eu já fui julgado [pelo mensalão]. A eleição da Dilma foi um julgamento extraordinário. Para um presidente com oito anos de mandato, sair com 87% de aprovação é um grande juízo”, disse Lula em referência de acordo com pesquisa CNI/Ibope de dezembro de 2010.
O ex-presidente também afirma que não tem nenhuma preocupação sobre o julgamento do mensalão que está em fase final no STF (Supremo Tribunal Federal). “Cada Poder, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário têm suas próprias responsabilidades e cada um deve cumprir com elas”, conclui.
Questionado pelo jornal “La Nación” se ele faz alguma autocrítica após a condenações de aliados pelo julgamento, Lula diz que por ser ex-presidente ainda não deve emitir opinião sobre o assunto.
“Não tenho me manifestado sobre esse processo, primeiro porque naquela época [do escândalo do mensalão] era presidente da República e acredito que um ex-presidente não pode falar sobre a Suprema Corte. Principalmente quando o processo está em análise. Vamos esperar que termine o processo e então, com certeza, poderei emitir minha opinião”, responde Lula.
Lula viajou para Mar del Plata (410 km de Buenos Aires) para participar de uma palestra a empresários argentinos. O ex-presidente também afirmou que não tem mais “ambições políticas”.
Segundo Lula, seus planos são ajudar o governo Dilma e contribuir para a vitória do PT na eleição municipal de São Paulo. O ex-presidente disse ainda que Brasil e Argentina fizeram mais pelo desenvolvimento da América do Sul nos últimos dez anos do que os “outros” governantes em 50 anos.
Ao comentar a crise econômica no mundo desenvolvido, disse que aqueles que haviam sido “arrogantes” e dado “lições de moral” deveriam pedir conselhos hoje aos países emergentes. Além do encontro com empresários, o ex-presidente também almoçou com a presidente Cristina Kirchner.