O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o ato de políticos do Distrito Federal recebendo dinheiro, conforme imagens da Polícia Federal (PF). “É deplorável para a classe política”, disse ele, ao defender a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte, depois das eleições, específica para refazer a lei eleitoral.
“Não é possível continuar do jeito que está. Todo mundo quer a reforma política, mas ela não acontece. Da mesma forma que todo mundo quer a reforma tributária e ela também não acontece. Só eu já mandei duas reformas políticas para o Congresso. Enquanto não tiver uma reforma política, nós vamos ser pegos de sobressalto, com notícias dessas magnitude”, afirmou Lula, pouco antes de embarcar de Kiev, na Ucrânia, para a Alemanha.
Lula disse que não foi condescendente ao afirmar, ontem, que as imagens do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), secretários e deputados distritais recebendo dinheiro “não falavam por si só”.
“Eu não fui condescendente, nem incriminei ninguém. Apenas disse que tem um fato em apuração, que é preciso que termine a apuração, que a Polícia Federal, o Ministério Público (MP) e a Justiça estão investigando. Eu não posso, como presidente da República, condenar alguém numa pergunta ou entrevista com mesma facilidade que vocês (imprensa). Tenho de esperar o fim da investigação para falar.”
Mas na avaliação do presidente, “as pessoas que fizeram coisa errada têm de pagar”. Lula disse que viu algumas imagens na imprensa e que considera o caso muito grave.
“Tudo isso vai ser um processo, que vai passar por vários tribunais, até o juízo final. Não sei o que o parlamento distrital vai fazer. A mim resta esperar a decisão da Justiça e do inquérito que vai para a Polícia Federal.” Lula reiterou a necessidade da reforma política pelo Congresso Nacional para “moralizar os partidos políticos e o processo eleitoral”.
‘Força invisível’
“Eu já mandei propostas de reforma política ao Congresso e as pessoas não se importam em votar. Se o Jânio Quadros (ex-presidente da República) fosse vivo, diria que existe um inimigo oculto que não deixa votar no Congresso. Todo mundo já percebeu que isso tem de ser votado, mas quando chega ao Congresso não votam.”
Ele lembrou que quando o texto de reforma tributária foi levado ao Congresso houve um pacto entre governadores, empresários, sindicalistas e líderes. “Só que quando entra no Congressos tem uma força invisível que não deixa andar”, disse.
Questionado se essa força invisível seriam os próprios legisladores, Lula respondeu: “Possivelmente sejam. Os partidos políticos deveriam estar defendendo essas reformas.”