Três anos após o incidente da tentativa de expulsão do então correspondente do New York Times no Brasil, Larry Rohter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sua primeira entrevista ao jornal americano, a ser publicada neste domingo (23). Nela, Lula disse duvidar do envolvimento do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT) com o mensalão: "Eu não acredito que haja qualquer evidência de que Dirceu cometeu o crime de que ele está sendo acusado." O ex-ministro é processado por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Na entrevista de 75 minutos, no Palácio do Planalto, o presidente se mostrou otimista com a economia. "Estamos vivendo um momento promissor. O Brasil está vivendo seu melhor momento econômico." O jornal destaca indicadores como crescimento, queda do desemprego e controle da inflação, e também a aprovação popular de Lula.
O New York Times classificou a entrevista de "a primeira conversa longa com um jornalista americano desde 2004", mas sem citar a reportagem na qual Rohter dizia que o consumo de álcool por Lula se tornara uma preocupação nacional. O presidente tentou cancelar o visto do repórter e só voltou atrás por causa da repercussão negativa.
Ao falar do mensalão, a entrevista destaca que episódios semelhantes poderiam ter abalado outro presidente, mas Lula continua firme. "Ele é o presidente Teflon. Nada cola", observa o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. Lula se recusou a dizer se alguém em especial o traiu: "Há centenas de empregados ao meu redor que eu não tenho a menor idéia do que fazem", esquivou-se.