O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende ignorar relatório do Comando da Aeronáutica que avaliou o caça Gripen NG, da empresa sueca Saab, como o melhor para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB), informou um de seus mais próximos auxiliares. Lula já manifestou a preferência pelo caça francês Rafale e tem repetido que a decisão sobre a compra dos 36 aviões é “política e estratégica” para consolidar a parceria entre o Brasil e a França.
O vazamento do relatório do Comando da Aeronáutica para o jornal Folha de S.Paulo – com a avaliação ainda parcial das propostas para o projeto FX-2, de renovação da frota da FAB – irritou Lula e provocou mal-estar no governo. Auxiliares do presidente disseram que o documento já foi modificado e não faz um ranking das melhores propostas, apenas avalia tecnicamente itens como transferência de tecnologia e aspectos comerciais e logísticos. Nota do Comando da Aeronáutica informou ontem que o relatório ainda não foi enviado ao Ministério da Defesa.
A compra dos caças é mais um capítulo da crise do governo com os militares. Na véspera de Natal, os comandantes das três Forças e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ameaçaram se demitir em represália à criação da Comissão da Verdade, prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos, que abre brechas para a revisão da Lei de Anistia. Mas o impasse foi temporariamente contornado com a promessa de Lula de reexaminar os pontos de atrito.
Três empresas competem para fornecer os 36 caças: além da Dassault e da Saab, a americana Boeing está no páreo com o F-18 Super Hornet. No relatório preliminar, o sueco Gripen NG ficou em primeiro lugar na avaliação técnica, seguido pelo Super Hornet. O Rafale, preferido por Lula e Jobim, obteve o terceiro e último lugar, pelo preço, considerado extremamente alto.