O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a atuação da imprensa e agradeceu a “blogueiros” por terem, nas suas palavras, revelado “uma farsa que estava acontecendo” durante a campanha eleitoral do ano passado. Lula referia-se ao episódio em que o então candidato do PSDB, José Serra, teria sido atingido por um objeto durante uma passeata no Rio de Janeiro.
No II Encontro de Blogueiros Progressistas, em Brasília, o ex-presidente disse ter viajado por 16 países desde que saiu do governo e afirmou que o comportamento da mídia, especialmente na América Latina, “é quase lamentável”. “Eu nunca me preocupei com a crítica se ela é verdadeira, o que me preocupa são as inverdades, a má-fé, as difamações, como aquela pedra, aquele meteorito de papel que caiu na cabeça de um candidato no ano passado”, afirmou Lula.
“Foi quando eu disse que nosso adversário tinha que ter a coragem de pedir desculpa ao povo brasileiro”, acrescentou. “É o único momento em que um candidato sai mais fraco do que quando entrou (na campanha eleitoral)”, disse.
Lula afirmou que foram os “blogueiros” que impediram que esse episódio gerasse prejuízo eleitoral para a então candidata Dilma Rousseff. “Vocês tiveram papel extraordinário. Vocês demonstraram uma coisa fantástica: o povo não precisa mais de intermediários”, afirmou sob aplausos dos participantes do encontro.
O ex-presidente pediu que aos “blogueiros” ajam com seriedade e façam críticas sérias, sem perder a razão, “porque a direita não brinca em serviço”. E, novamente, criticou José Serra: “Quando vocês foram xingados de blogueiros sujos (por Serra durante a campanha eleitoral), vocês foram xingados por quem promovia a sujeira”.
E na presença do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, Lula deu um conselho que ele teria aprendido durante seu governo para levar adiante os projetos na área, como a universalização da banda larga.
“A gente não pode ter medo, não pode ter preocupação de chamar essa gente (os blogueiros) para participar (das discussões sobre programas de comunicações). Toda a vez que tivermos dúvidas, toda vez que tivermos problemas, é muito melhor a gente escancarar o debate e deixar as pessoas falarem o que pensam para a gente colher um resultado que seja a síntese do que pensa o país”, disse.
REGULAMENTAÇÃO – “A mídia, que conquistou o direito de criticar todo mundo, tem que ser criticada também”, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, em referência ao debate sobre a instituição do marco regulatório das comunicações, que está sendo elaborado pelo governo.
Segundo Bernardo, o ex-ministro Franklin Martins – responsável pela elaboração da primeira versão do projeto que regulamenta as comunicações – estava com o “carimbo de querer regular a mídia”, mas negou que essa fosse a intenção do governo. “Não é isso. Demoramos muito tempo para restabelecer a democracia”, disse. “Lula e Dilma têm compromisso com a liberdade de expressão”, acrescentou.
Ele explicou que a própria Constituição Federal prevê que haja regulação sobre os meios de comunicação. Ele ponderou, no entanto, que essa determinação abrange somente rádio e TV. “A Constituição diz que não pode ter monopólio, oligopólio, xenofobia e prevê conteúdo nacional e local”, exemplificou o ministro, insistindo que são esses elementos que o governo quer monitorar.
Segundo o ministro, ao receber o documento elaborado por Franklin Martins, havia uma situação de “grande conflito”.