Lula começa a fazer a última reforma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está conversando com os ministros que pretendem ser candidatos na eleição deste ano para avaliar a intensidade das mudanças que terá de promover antes do final de março. Lula não quer usar o nome de reforma ministerial e sim "alterações pontuais". Ele também não marcará data para os anúncios. Quem quiser deixar o cargo sairá no momento em que achar adequado, segundo uma fonte do Palácio do Planalto.

Lula não queria fazer mudanças profundas por-que acha que "em time que está ganhando não se deve mexer", mas está cedendo ao desejo de alguns políticos da equipe. "Ainda não se sabe o número de ministros que deixarão o cargo. Mas o presidente vai tratar individualmente cada caso", disse o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), um dos nomes certos para deixar o governo, para ser candidato na Bahia.

Outro que também deve sair é Ciro Gomes (Integração Nacional). O ministro do PSB estuda disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, além de ser um dos trunfos que Lula guarda na manga para compor a chapa de Lula para a reeleição. O vice-presidente José Alencar também analisa deixar o Ministério da Defesa e é outro que pode compor chapa com Lula, repetindo a parceria de 2002.

O ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz (PCdoB), também não decidiu se permanecerá no cargo. Ele pensa em disputar a eleição pelo Distrito Federal. Os ministros do PMDB, Saraiva Felipe (Saúde), e Hélio Costa (Comunicações), devem deixar os cargos após o partido definir entre Anthony Garotinho e Germano Rigotto o nome que disputará a eleição presidencial.

O PMDB, aliás, é outro na lista de Lula para compor a chapa da reeleição. Lula e seus coordenadores políticos não desistem de oferecer a vaga de vice ao partido. Há um entendimento que se o presidente continuar forte nas pesquisas de intenção de votos, o grupo peemedebista favorável a uma aliança pode ganhar impulso dentro da legenda e conseguir sensibilizar a ala pró-candidatura. Lula não definiu como pretende aglomerar suas forças de sustentação nas possíveis mudanças que realizará. É possível que aumente o espaço do PSB, que hoje tem as pastas da Integração Nacional e de Ciência e Tecnologia, ou dar os cargos para petistas.

O presidente tem de resolver ao mesmo tempo como formará a coordenação política de sua campanha à reeleição, já que não tem o homem forte de 2002, José Dirceu, para fechar as alianças. E não vai sacar Antônio Palocci para esta função. O presidente acha que a função de Palocci é ficar onde está, até dezembro. Lula quer sinalizar que não haverá mudanças na política econômica e preservar o núcleo central do governo ao longo da campanha eleitoral.

Lula cogita entregar a coordenação geral da campanha ao presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, e não a um de seus ministros. Palocci ficará no cargo como uma espécie de "refém" da estabilidade econômica. Lula não dispõe de um petista com as mesmas credenciais do ministro da Fazenda e pondera que a substituição poderia trazer incertezas indesejáveis durante a campanha. "A política econômica pode ser considerada conservadora por setores do PT, mas proporcionou a retomada do crescimento e o avanço do país", disse uma fonte do Palácio do Planalto.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, tem a confiança do ministro Antônio Palocci para substitui-lo mas não dispõe de passaporte partidário nem da intimidade de Lula para receber uma eventual promoção. O futuro político do ministro da Fazenda ficaria, dessa forma, atrelado ao sucesso do projeto de reeleição. Se Lula vencer, Palocci deve permanecer na equipe, embora o presidente não tenha firmado nenhum compromisso nesse sentido, com ele ou com qualquer outro auxiliar. Primeiro Lula quer fazer as "mudanças pontuais", depois tratar de vencer as eleições em que volta a aparecer como o candidato mais forte do quadro, para enfim pensar em como construir a equipe para um segundo governo. 

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