Excessos de otimismo na propaganda do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) sobre sua atuação na área da agricultura familiar foram motivo de brincadeiras, hoje, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ministro Guilherme Cassel. Depois de assistir, no Museu República, a filmes e a fotos feitas por marqueteiros contratados pelo MDA, Lula disse que Cassel pode ser contratado como “apresentador de TV”. Rindo, o presidente comparou a performance do ministro à atuação dos apresentadores de TV Faustão (Globo) e Gugu Liberato (Record) e disse: “Ele (Cassel) fez um espetáculo aqui, que marca a mente de quem está embaixo (na plateia).”
Em março, Lula disse que já tinha sido “enganado” pelo ministro no lançamento do programa Territórios da Cidadania. Cassel riu. “Isto (a propaganda) foi o ‘engana-presidente’ mais sofisticado que eu vi na vida”, acrescentou Lula. As fotos exibidas mostram pessoas sorrindo e paisagens paradisíacas, como as da região de Pedra Azul, no Espírito Santo, refúgio de inverno de empresários e celebridades. E um dos filmes conta a história dos Kobuta, família de agricultores do Distrito Federal com tradição na área da agricultura, que recebeu financiamento de R$ 68 mil para comprar um trator.
O Plano Safra 2009/2010 para Agricultura Familiar libera um total de R$ 15 bilhões para financiamento de pequenos agricultores. No ano passado, o valor dos créditos chegou a R$ 11,7 bilhões. Os recursos, segundo o MDA, atendem às linhas de custeio, investimento e comercialização do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Em seu discurso, Lula voltou a reclamar dos que criticam o Brasil no Exterior, especialmente em relação às condições de trabalho degradante em alguns setores e a problemas na preservação do meio ambiente. O presidente afirmou que um “grupo de brasileiros” é “recrutado” por entidades internacionais para criticar o Brasil. “Chegam até a falar do trabalho penoso no corte da cana-de-açúcar. É verdade que o trabalho é penoso, mas muito mais penoso é o trabalho nas minas de carvão na Europa.” O presidente comentou que houve um acordo entre trabalhadores do setor da cana-de-açúcar com usineiros para garantir a “humanização” trabalho nos canaviais.