Lula ataca mídia e chama Kadafi de ‘amigo e irmão’

Único convidado de honra presente à Cúpula da União Africana, aberta ontem, em Sirte, na Líbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou os países industrializados pela crise do sistema financeiro e pelo “caráter perverso da ordem internacional”. A fala do brasileiro, aplaudida por chefes de Estado e de governo e por líderes tribais africanos, foi sucedida por críticas à imprensa pelo que considerou “preconceito premeditado” por sua proximidade com ditadores da região. O discurso começou com Lula dizendo ao ditador líbio Muammar Kadafi: “Meu amigo, meu irmão e líder”.

A participação do presidente na cúpula, que está em sua 13ª edição, foi ressaltada pela ausência dos demais convidados especiais. Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, e Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), cancelaram suas participações, anunciadas como certas pelo cerimonial do evento até a véspera. Outro ausente foi Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, cuja falta não foi justificada publicamente. Ahmadinejad ficaria sentado ao lado de Lula, que por sua vez ficaria ao lado de Kadafi, que está no poder desde 1969, quando assumiu o controle do país em um golpe de Estado aos 27 anos de idade.

Logo de início, o presidente Lula elogiou “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos” e ressaltou que “consolidar a democracia é um processo evolutivo”. A partir de então, o presidente deu início a repetidas críticas aos países industrializados. Lula afirmou que “a crise financeira e econômica mundial revela a fragilidade e o caráter perverso da atual ordem internacional” e parafraseou o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, ao sustentar que “o consenso de Washington fracassou”.

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