Depois de semanas de hesitação, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrou na campanha, iniciada semana passada, do candidato do PT a governador, senador Lindbergh Farias, no rádio e na televisão, em movimento visto com desconfiança na base aliada no Rio. No Estado, além de Lindbergh, outros três candidatos apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). São Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB). Em julho, o presidente do PT, Rui Falcão, dissera que a entrada de Lula dependeria de como afetaria as campanhas locais e a relação destas com a campanha de Dilma.

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“Hoje, o Brasil está muito melhor. Mas ainda há muito por fazer na educação, na saúde e para melhorar a vida do nosso povo. Está na hora de cada pessoa dar maior importância ao voto. Por isso é que peço seu voto para governador em Lindbergh Farias”, diz Lula, na mensagem de apenas 18 segundos. Em outra inserção, o ex-presidente e o candidato pedem votos na legenda do PT.

Até pouco antes da gravação, não era certo se e como Lula participaria da campanha do senador. Ele hesitava ante os convites da campanha de Lindbergh para se integrar. Alegava que “era complicado”, presumivelmente devido a possíveis reações de outros partidos. Acabou cedendo, mesmo por que fora o principal incentivador do senador em sua pretensão de romper com o governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) e disputar o governo estadual. Agora, espera-se que o ex-presidente grave pelo menos mais duas vezes e participe de pelo menos uma atividade de rua ao lado do parlamentar. A data ainda será marcada. O candidato do PT ao governo do Rio ocupa um discreto quarto lugar na corrida pelo Palácio Guanabara. Lula é sua principal aposta para se diferenciar dos adversários, romper com essa situação e se credenciar para o segundo turno.

O presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo (PMDB), disse não ver problema em que Lula faça campanha para Lindbergh, mas mostrou indicou que o partido pode retaliar na disputa nacional. “O que a gente achava é que o PT não deveria ter lançado candidato ao governo”, disse. “Seria uma demonstração de apreço.” Melo lembrou, contudo, o novo quadro eleitoral nacional e afirmou que “Lula tem de se preocupar com a candidatura de Dilma”.”O que o PMDB tem de ver é que, do jeito que a eleição está, o PT vai precisar muito do PMDB no segundo turno”, advertiu. “Se você recebe um beijo, responde com um beijo. Se dão um tapa na sua cara, não digo nem que você revide, mas que se defenda.”

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Para o PT, a ação do ex-presidente é uma aposta de risco, que pode respingar na campanha de Dilma. O coordenador da campanha de Dilma no Rio, o vice-prefeito do Rio Adilson Pires, já disse que a estratégia da campanha nacional é fazer pelo menos um evento da presidente candidata à reeleição com cada um dos quatro candidatos. Pires prevê que vá haver mal-estar entre as quatro candidaturas com relação aos compromissos da presidente, reclamando de supostos privilégios a um ou outro. Lula, porém, tem agenda própria e disputada.

Garotinho, por exemplo, já avisou que não exige exclusividade no apoio do PT nacional, mas quer reciprocidade. Até agora, contudo, não manifestou contrariedade com a ação de Lula. Amanhã estará com Dilma no Restaurante Cidadão (ex-Restaurante Popular) Getúlio Vargas, em Bangu, na zona oeste, para um almoço a R$ 1.

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