O presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu nesta sexta-feira (14) o empenho do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na tentativa de convencer os senadores do partido a votarem a favor da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

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"Agradeço, publicamente, ao governador Serra pelo empenho em convencer os senadores sobre a importância da CPMF", disse. No lançamento do novo modelo do carro Ka, realizado na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, no Grande ABC (SP), no início da tarde de hoje, Lula citou números da economia, tais como o recorde de vendas de automóveis no Brasil, o aumento do emprego no setor industrial e o valor dos investimentos anunciados pelas montadoras nos próximos três anos, que totalizará R$ 10 bilhões.

Ele sustentou que a economia brasileira entrou num ciclo duradouro de crescimento, e ressaltou que não será o fim da CPMF que resultará em medidas irresponsáveis por parte do governo federal. "Não pensem que o presidente da República e o governo, porque os senadores votaram contra a CPMF, tomará alguma medida de irresponsabilidade. Vamos manter o superávit primário, vamos continuar com uma política fiscal séria, vamos arrumar um jeito de fazer as coisas acontecerem neste País. O PAC vai continuar", afirmou.

Lula ironizou a atitude da oposição de não aprovar a continuidade da contribuição, na tentativa de, na opinião dele, prejudicá-lo. "Se alguém votou contra (a CPMF) achando que aquilo poderia prejudicar o presidente, deve saber algumas coisas. Primeiro, o presidente não é mais candidato. Segundo, eles prejudicaram o próximo presidente da República. Terceiro, alguém vai ter de responder porque a saúde deixou de receber R$ 24 bilhões a mais em 2008, ou porque a saúde deixou de receber a partir de 2010 mais R$ 80 bilhões", alfinetou.

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SUS

O presidente continuou: "Certamente, as pessoas que votaram contra não usam o SUS (Sistema Único de Saúde) porque, se usassem, eles não votariam contra." Durante o discurso, Lula disse que o Brasil encontrou consigo mesmo neste ano, "graças a Deus". O presidente destacou que o Grande ABC conviveu durante muitos anos com decréscimos da quantidade de emprego, mas que hoje a região vive um momento excepcional. "Queria recordar que o espetáculo do crescimento foi dito por mim aqui, na fábrica da Ford, em agosto de 2003. Vejam a ironia do destino. Quando falei fui achincalhado durante um ano. Mas não vi ninguém fazer uma autocrítica com o crescimento de 5,7% em 2007", afirmou, referindo-se aos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre ante 2006.

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"Antes de vir para cá, naquele dia, em 2003, eu estive reunido com Palocci (Antonio Palocci, então ministro da Fazenda e atual deputado do PT de São Paulo) e Meirelles (Henrique Meirelles, presidente do Banco Central). Eles garantiram-me que 2004 seria excepcional. E foi", acrescentou. O presidente afirmou que 2005 foi um momento em que o País conviveu com dificuldades como a volta da cultura inflacionária e uma profunda crise política. "Foi um momento amargo para mim e para vocês. Teve gente que achava que era possível tirar o Lula da Presidência", declarou.

De acordo com o presidente, foi o apoio da população que permitiu que ele se mantivesse no cargo. "Isso acalmou os ânimos de quem se diz democrático, mas que não aceita a alternância de poder", acredita. Lula ressaltou que o fato de pertencer a uma classe mais baixa e de não ter tido ao poder foi um dos principais motivos dessas críticas. Ao encerrar o pronunciamento o presidente almoçou com executivos da empresa, ministros e deputados.